Esta notícia, hoje divulgada pela Radio Okapi, em Kinshasa, confirma que os antigos guerrilheiros do M23, também conhecido por Exército Revolucionário do Congo, estão a movimentar-se em direcção à RDC.

Também o Governo do Uganda anunciou a detenção de mais de uma centena destes antigos guerrilheiros que tinham, depois de derrotados militarmente em 2013, aceitado ficar em campos criados no Uganda, quando procuravam esgueirar-se para a RDC.

Quais as intenções deste regresso dos guerrilheiros do M23 à RDC, ainda não se sabe, mas as autoridades congolesas, e a missão da ONU na RDC, a MONUSCO, sendo reticente a confirmar que se trata de movimentações de carácter militar e de cariz revolucionário, admitem que se trata de uma situação preocupante porque pode compreender o início de uma nova etapa de violência numa região severamente martirizada ao longo da última década e meia.

A MONUSCO confirmou mesmo, em conferência de imprensa, que destacou unidades de combate, como são as tropas da ONU, "capacetes azuis", na RDC, para averiguar a veracidade destas informações, garantindo que decorre um trabalho conjunto comas FA da RDC nesse sentido.

O receio suscitado por estas alegadas movimentações de combatentes do M23 é que, numa fase crítica de transição política que o país atravessa, mais um foco de tensão pode resultar em fragilidades internas para responder a todas as ocorrências no país, que, desde a capital, Kinshasa, até ao Kasai Central, próximo da fronteira com Angola, aos Kivus, Norte e Sul, já fizeram centenas de mortos nos últimos dois a três meses.

E, recorde-se, o M23 foi, efectivamente, derrotado com o actual Presidente no comando das operações militares.

A Reuters veio nas últimas horas dar corpo a estes receios quando divulgou, tal como outras agências internacionais, que o Governo do Uganda deteve, na região de Mbarara, mais de uma centena de antigos combatentes do M23 que tentavam entra na RDC, na região do Kivu Norte.

São antigos guerrilheiros que estavam nos campos do Uganda há vários anos, depois de se terem "rendido" ao fim de anos de combates e de terem transformado esta zona da RDC num território caótico e de extrema violência, com assassínios em massa de aldeões, mulheres e crianças.

Para já, e segundo a Reuters, estes ex-rebeldes, são acusados pelo Governo de Kinshasa de estarem a tentar criar condições para combater o Presidente Kabila, que se recusou a abandonar o poder em Dezembro de 2016, através de um acordo tenso com a oposição, e entre diversos episódios violentos que fizeram mais de uma centena de mortos só em Kinshasa.

Todavia, as próximas horas serão importantes para confirmar, por exemplo, através da MONUSCO, se as intenções do reactivado M23 são, efectivamente, de desestabilização da RDC.

Para já, o Governo do Uganda admite que deteve 101 dos seus elementos que violaram o acordo para ficarem nos campos do país e que dezenas de outros foram dados como desaparecidos dos locais onde estavam estacionados.

O M23 era um dos mais robustos, organizados e poderosos movimentos rebeldes a actuar na RDC e controlavam, antes de expulsos, vastas áreas de zonas mineiras no país.