Esta alteração no "rating" da ""Africa do Sul acontece depois de o país ter, há semanas, iniciado uma nova crise no seio do Governo de Jacob Zuma, com inúmeros rumores a colocarem em causa o futuro do ministro das Finanças, Pravin Gordhan, que é considerado, por causa do seu prestígio técnico, um dos pilares de suporte para a economia do país, muito afectada por dezenas de casos de corrupção e uma crescente conflitualidade social forjada pela pobreza que abraça milhões de sul-africanos.

A crise iniciada pelo rumores de que Zuma estava prestes a mostrar a porta de saída a Gordhan confirmaram-se e para o lugar do famoso ministro das Finanças foi indicado pelo Presidente sul-africano Malusi Gigaba.

Este, num arremesso de humildade, usou as primeiras palavras no cargo para dizer aos sul-africanos que está consciente dos problemas que enfrenta, não só na economia do país, mas também politicamente, porque a contestação à mudança no elenco governativo caiu muito mal no sei do Congresso Nacional Africano (ANC), partido que sustenta o Governo de Zuma.

E isso mesmo reflecte a queda no "rating" da República sul-africana, com a S&P a afirmar sem titubear que a sua decisão resulta das divisões no Governo e, especialmente a saída do ministro das Finanças, que era considerado um baluarte contra a corrupção que está a destruir pela raiz o tecido social sul-africano, com uma crescente pobreza, uma criminalidade sem paralelo e um desemprego a subir em flecha.

Para além da descida da avaliação do crédito, a S&P reviu também em baixa a Perspetiva de Evolução da Economia, antecipando, assim, uma nova descida do "rating" nos próximos 12 a 18 meses: "Isto reflete a nossa perspetiva de que os riscos políticos vão permanecer elevados este ano e que as mudanças de políticas são prováveis, o que pode pôr em perigo os resultados de crescimento económico e orçamental para além do que actualmente estimamos", escreveram os analistas, citados pela agência noticiosa AP.

A descida do "rating" era já esperada pelos economistas, que apontavam os 0,5% de crescimento económico em 2016 e a taxa de desemprego nos 27% como motivos plausíveis para a descida do "rating".

A par desta intranquilidade política e social, a África do Sul debate-se com o problema conexo de perda de valor do Rand, cuja desvalorização, segundo os analistas, tem três factores que a determinam: a corrupção em níveis assustadores, a incerteza política, com a presidência de Jacob Zuma a poder ver o grau de contestação subir até um ponto de insustentabilidade e a debilidade da economia do país em resultado deste contexto.

Para fazer face a este cenário, o novo ministro das Finanças disse que vai procurar por todos os meios segurar o nível de qualidade do crédito soberano e liderar uma radical alteração do perfil económico do país, atribuindo mais poder e mais riqueza à maioria negra do país.