Depois de semanas de insistência para que a administração distrital tome medidas que permitam evitar a destruição das suas casas, os moradores dizem agora que ou é feito alguma coisa de imediato ou vão, inevitavelmente, ficar a dormir ao relento.

O Administrador do Distrito Urbano da Maianga, Fernando Cardoso, explicou ao Novo Jornal online que a administração tem conhecimento da situação e que, por isso, já foi agendada para a próxima semana uma reunião com o coordenador do bairro para se encontrar uma solução.

"Para além deste bairro, temos estado a trabalhar, juntamente com a Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, na sensibilização das famílias para não construírem em zonas consideradas de risco, no sentido de evitarmos situações do género", explicou Fernando Cardoso.

Os moradores estão constrangidos com o alargamento da ravina e sentem-se cansados com a situação porque alegam que já recorreram por diversas vezes à administração sem que, até agora, existam sinais de que estão ou vão ser tomadas medidas, como explica Delmiro Baptista, de 24 anos, e um dos habitantes do bairro com a casa em risco de ser engolida por uma ravina.

"Estamos muito cansados e preocupados com esta situação porque cada dia que passa o buraco vai aumentando e destruindo as residências que estão mais próximas", lamentou o morador residente há oito anos neste bairro.

Acrescentou ainda que as duas residências que foram engolidas pelas ravinas na sexta-feira, devido a um deslizamento de terra, não causou danos humanos "por muito pouco".

Para Fátima Nsumbo, as noites tornaram-se mais preocupantes porque temem que o deslizamento poderá acontecer a qualquer altura.

"Nós não dormimos em paz porque tememos que pode chover a qualquer altura e acontecer um deslize. Se tivéssemos dinheiro, não continuaríamos neste lugar de risco",clamou a moradora de 42 anos.

De acordo com Jorge Francisco, a problemática de ravina naquela localidade não é nova para a administração porque encaminharam diversas cartas que resultaram na visita de alguns directores no local.

"Penso que a administração não está interessada em resolver está situação porque já vivemos desta forma há muito tempo, já realizaram várias visitas, fizeram fotografias, entregaram selos de identificação, mas até o momento só existem promessas", disse.

Assaltos em alta

Para além dos moradores estarem atormentados com a destruição das casas devido ao alargamento das ravinas, o número de assaltos é outro problema que está a preocupar a população do bairro Huambo.

De acordo com Maria Ribeiro, muitas famílias abandonaram as suas residências com medo do avanço das ravinas e muitas delas "transformaram-se no esconderijo de marginais".

"Nem de dia nem de noite conseguimos estar tranquilos porque o problema das ravinas gerou outro problema com a desocupação de casas, imediatamente ocupadas por marginais", explicou a moradora de 61 anos.