São muitas as viaturas que atravessam a fronteira e entram na cidade de Ondjiva simplesmente para abastecer os seus depósitos e depois regressam para a Namíbia.

A rotina dos automobilistas a atravessar para o Cunene é diária e é feita por um passe de entrada que as autoridades migratórias de Angola passam exclusivamente nos postos fronteiriços.

A frequência de viaturas da Namíbia em solo angolano visa somente, em muitas das vezes, abastecer nos posto de combustível de Cunene, pelo facto de o preço dos combustíveis naquele país ser mais caro em relação ao praticado em Angola.

O Novo Jornal constatou este facto na cidade de Ondjiva, onde esteve a semana passada, e conversou com alguns automobilistas da Namíbia.

O preço do litro da gasolina em Angola é de 300 kwanzas, enquanto na vizinha Namíbia o litro é cerca de 1,5 USD (1.239 Kwanzas), a viagem para o Cunene justifica-se porque o combustível angolano, para além de ser barato, não é adulterado.

"Na Namíbia o litro da gasolina é muito mais caro do que em Angola, por isso nós, que estamos mais próximos do lado de Angola, viemos abastecer", disse ao Novo Jornal o cidadão namibiano Hage Kugongelwa.

Conforme Hage Kugongelwa, que o Novo Jornal encontrou a abastecer a sua viatura num posto de combustível de Ondjiva, como ele estão muitos namibianos que têm cruzado a fronteira de Angola para comprar combustível e depois levá-lo para o seu País para o comercializarem.

Questionados sobre como fazem para adquirir a moeda angolana, os kwanzas, Hage Kugongelwa e Joane Ardern, um outro cidadão da Namíbia, disseram que os adquirem no mercado informal.

"Conseguir kwanzas é muito fácil aqui, é só entrarmos com rands ou dólares e trocamos nos mercados de Santa Clara ou de Ondjiva", contaram.

Manuel Diogo e Alfredo Miguel, moradores de Santa Clara, disseram ser frequente assistir a enchentes nos postos de abastecimento de combustível por viaturas da Namíbia.

Os também funcionários de posto de combustível de Santa Clara confirmaram que são, na verdade, muitas viaturas da Namíbia que veem abastecer a Angola, facto que o Novo Jornal constatou em diversos postos de abastecimento do Cunene.

Segundo os habitantes do Cunene, são muitos os automobilistas que procuram Angola para abastecerem as suas viaturas, sobretudo aos fins-de-semana.

Manuel Diogo e Alfredo Miguel contaram ao Novo Jornal que a princípio, isto no mês de Junho, aquando da subida do preço da gasolina pelas autoridades de 160 para 300 kz, o movimento de viaturas namibianas havia diminuído nos postos de abastecimento.

"Não verdade não tinham noção que o preço era de 300 kz, pensavam que fosse mais alto, no princípio até evitavam vir para Angola", explicaram os dois angolanos que trabalham nos postos de abastecimento.

"Agora que já sabem que continua muito baixo em relação aos preços do País deles, e veem para cá só para abastecer", prosseguem os trabalhadores.

O Novo Jornal verificou a circulação de muitas viaturas namibianas nas estradas dos vários municípios que compõe a província do Cunene, entre ligeiras e pesadas.

Mas a verdade é que são poucos os cidadãos namibianos que escolhem a província do Cunene para viver ou trabalhar.

Angola possui ainda o preço mais baixo de combustível do mundo, com o litro da gasolina a ser vendido a 300 Kz, equivalente a 0,36 dólares, enquanto a Namíbia segue a tendência mundial de aumento dos preços dos combustíveis em linha com a subida do preço do barril de petróleo.

Angola e Namíbia reabriram a fronteira em Fevereiro do ano passado, depois de estar encerrada desde Março de 2020, devido à pandemia da Covid-19.