Para além dos conflitos entre milícias locais e guerrilhas oriundas do Ruanda, como a FDLR, aquela província congolesa assistiu recentemente a combates entre as Forças Armadas do Ruanda e da RDC devido a acusações mútuas de invasão de território, sendo ainda uma geografia muito marcada pelo genocídio de 1994 no Ruanda.

Face a este cenário, as organizações internacionais e as autoridades sanitárias da RDC debatem-se com a dificuldade extra de se tratar de uma zona densamente povoada e marcada por actividades mineiras ilegais, diamantes e coltão, entre outras, que geram grandes deslocações de populações, facilitando desse modo a propagação do vírus do Ébola, um dos de maior letalidade.

Para melhor combater mais uma epidemia, a 10ª desde que o vírus foi identificado, em 1976, na zona Oeste do país, o Governo de Kinshasa decretou a gratuitidade dos serviços médicos para as próximas semanas.

Isto sucedeu, segundo a Rádio Okapi, media da ONU na RDC, depois de terem sido detectados mais cerca de uma dezena de casos suspeitos de contaminação, na zona de Beni, capital da província, que tem a particularidade de representar uma aproximação da epidemia a uma grande cidade, densamente povoada.

O facto de esta região ser, não só densamente povoada, mas também, incluindo os dois Kivu, Norte e Sul, e Ituri, no Leste da RDC, ser onde existe o maior número de refugiados e deslocados internos, acrescenta complexidade à estratégia de combate à doença e à criação de barreiras sanitárias para impedir a sua dispersão para outras regiões do país e aos vizinhos, nomeadamente o Ruanda, Uganda e Burundi.

Com a gratuitidade dos cuidados médicos, as autoridades sanitárias da RDC pretendem criar condições para vigiar casos suspeitos, criando uma barreira mais densa à propagação da doença.

Tal como sucedeu na anterior epidemia, registada em Maio deste ano, onde morreram 33 pessoas, na província do Equador, do outro lado do país, próximo da fronteira com o Congo-Brazzaville, junto ao Rio Congo, cujo curso passa ao lado da capital, Kinshasa, e desagua no norte de Angola, as equipas de combate ao vírus estão a usar uma vacina experimental como ferramenta auxiliar para confinar o vírus à menor área possível.

Apesar de estar ainda em fase de testes, esta vacina que deu bons resultados no controlo da epidemia que surgiu em Bikoro, Equador, e também na África Ocidental, na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri, tendo feito mais de 10 mil mortos, entre 2013 e 2014.

Tal como nas situações anteriores, os países vizinhos, incluindo Angola, mas com maior intensidade os com fronteiras mais próximas, Uganda, Ruanda e Burundi, aumentaram a vigilância nas fronteiras.