I - Violência

Henriques deixou mulher e filhos e a família não beneficiou de qualquer reparação civil. Para Caluquembe e municípios limítrofes, 2016 foi um ano destacado pela violência. Quando o administrador municipal de Caluquembe, Arão Tchissonde, decidiu elevar o valor da propina escolar de 4.500 kwanzas anuais para 3.000 mensais, esta medida impopular foi defendida a tiro pela Polícia Nacional, face à revolta dos estudantes.

O saldo foi de dois estudantes feridos à bala: Cecília Câmia Francisco e Paulo Alfredo Cabral, este alvo de um atirador identificado e ainda impune: o policial Moisés Muvungu.

Entretanto, o Director Bento Kahamba, da escola de formação de professores e as subdirectoras Indira Lopes e Reinalda Tchimbali foram destituídos dos seus cargos pelo facto de o administrador de Caluquembe os ter conotado com a causa estudantil.

II - Intolerância

Para algumas inteligências raras, parece já ser muito normal a partidarização do ambiente de trabalho, preferencialmente no sector da Educação. Ter vencido as eleições, neste entender, dá ao partido no poder o direito de invadir as escolas com mobilizações obrigatórias para os seus comícios e condicionar as candidaturas a cargos de direcção e chefia à apresentação de comprovativo de filiação partidária.

As redes sociais já divulgaram estes casos em documentos da autoria da directora da Escola do Condé, no Kwanza-Sul, e na grande Luanda, sob a batuta do todo-poderoso Director Soma. Isto vai tornando irrespirável, para os que não alinham em tal inconstitucionalidade, o ar das nossas escolas.

Mas o que me leva a falar de intolerância está no afastamento, que já dura catorze anos ou mais, de um contingente de pelo menos 58 professores dos municípios do Cubal e da Ganda, província de Benguela, sem qualquer processo disciplinar.

(Poder ler este texto de opinião na íntegra na edição n.º472 do Novo Jornal, que pode assinar em formato digital e pagar no Multicaixa)