Há vinte e seis anos, repicavam os sinos em Lisboa para celebrar a tentativa de (re)conciliação de um "casal" desavindo desde 1975, que deixara para trás um primeiro amancebamento tripartido contraído no Alvor mas... já então assinado à lápis.

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À espera do "casal", estava reservado um faustoso banquete cujas delícias espevitavam os beiços famintos dos novos comensais da paróquia. À mesa, a panela, recheada de ingredientes saborosos, unia-os na aparência de uma amizade sincera mas, feridas invisíveis, enjauladas em olhos esbugalhados que irradiavam sede de vingança, encubavam nuvens de ódio. Os convidados da primeira boda eleitoral que se avizinhava, cedo perceberam que pairavam no ar sinais de mútua desconfiança.

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Cada um dos cônjuges, debaixo da mesa, alimentava amantes, com abonos de família incendiários. A panela de pressão podia a qualquer momento explodir. Traindo-se à frente dos vizinhos e de convidados vindos de fora, para estes tudo não passava de mais uma paródia eleitoral africana.

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