João Lourenço, enquanto líder do OCPDS da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), e Jacob Zuma, então Presidente da África do Sul e líder da organização austral, estiveram lado a lado na condução da estratégia de pacificação do Lesoto, envolvendo-se na formação de um contingente militar e policial que foi enviado para o Lesoto enquanto primeira força de pressão para diminuir a tensão e, posteriormente, sendo esse o caso do momento, para funcionar como ferramenta de garante da consolidação das instituições do país e o regresso à normalidade democrática.

Com Zuma de fora, depois de resignar ao poder na África do Sul, pressionado por fortes acusações de envolvimento em esquemas de corrupção e peculato, e substituído por Cyril Ramaphosa, é João Lourenço o líder regional que mais informação e proximidade mantém com os problemas que o conturbado e pequeno reino encravado no meio da África do Sul está a viver.

E, pelo conteúdo das declarações de Thomas Thabane antes de deixar o aeroporto de Luanda, João Lourenço deve ter sublinhado com algum vigor a urgência de ver este problema resolvido em definitivo, até porque a SADC e o OCPDS têm problemas bastante mais pesados pela frente para tratar, como é o caso do processo eleitoral no barril de pólvora que é a República Democrática do Congo (RDC), onde as eleições presidenciais vão ter lugar, se não acontecer nada que as impeça, a 23 de Dezembro.

Thabane sublinhou a ideia de que só a paz é solução para os países africanos, que só com eleições regulares e democracia consolidada é possível construir sociedades desenvolvidas, anuindo à ideia de que esse vai ser o caminho no pequeno reino do Lesoto, que desde que obteve a independência da Grã-Bretanha, em 1961, viveu sucessivas crises de natureza política e militar.

Como foi o caso da crise actual, despoletada pelo assassinato, em Museru, capital do país, do general Khoantle Motsomotso, comandante das Forças Armadas, por oficiais rivais que pretendiam o poder militar, que, como era tradição, tinham o poder para determinar os destinos do país influenciando completamente as decisões políticas.

Actualmente, Angola mantém cerca de duas centenas elementos, militares e de segurança, no contingente da SADC no Lesoto, que inicialmente deveria chegar aos mil elementos, incluindo especialistas civis na resolução de conflitos, sendo, por isso, uma peça-chave para conduzir este processo a bom porto.

"A paz é a solução, a guerra e as matanças só deram e vão continuar a dar má fama ao continente", disse o primeiro-ministro Thabane antes de deixar Angola, garantindo o empenho do seu Governo numa transição sólida, com a realização de eleições democráticas e com a consolidação das suas instituições, especialmente a militar, que tem sido o foco principal da instabilidade naquele país durante as últimas décadas.