Há muito que se desconfia da face escondida da Arábia Saudita no complexo universo do financiamento do terrorismo ligado ao islamismo radical sunita, havendo mesmo organizações internacionais que afirmam ter provas desse envolvimento, mas isso não foi suficiente para os EUA investigarem os indícios que apontam Riade como uma das mãos por detrás do 9/11.

As famílias das quase 3 000 vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001, às Torres Gémeas e ao Pentágono, num ataque apontado pelas autoridades de Washington à acção da Al-Qaeda de Bin Laden, depois de terem surgido indícios considerados fortes do envolvimento da Arábia Saudita, exigiam que o Congresso norte-americano permitisse, através de uma lei dirigida, que Riade fosse investigada.

Mas esse intento foi, na sexta-feira, sonegado por veto presidencial de Barack Obama, justificando o Presidente norte-americano que esse gesto, a abertura de um processo judicial contra Riade, iria colocar em causa a segurança nacional dos EUA.

Obama, perante uma questão de alto melindre internacional, porque envolveria o seu principal aliado no Golfo, um dos países detentores de mais dívida norte-americana e um dos grandes fornecedores de petróleo aos EUA, optou por não permitir que fosse aberta esta mais que previsível Caixa de Pandora, porque dela poderiam sair todos os males deste periclitante equilíbrio em que o mundo vive actualmente.

Afirmando a sua profunda simpatia pelas vítimas e disse compreender o seu desejo de ver feita justiça, Obama lembrou que esta lei, se fosse aprovada, podia colocar em causa o principio que protege os países e os seus diplomatas, podendo sair o tiro pela culatra aos EUA, porque se iriam ver na contingência de terem de sofrer processos judiciais similares noutras latitudes.

Para já, Barack Obama enfrenta a indignação das famílias, que almejam por justiça há 15 anos, mas vai ter de lidar de seguida com as repercussões internacionais desta sua decisão, que só o tempo poderá dizer quais serão.