Algumas famílias que partilhavam casa, na zona do Panguila, província do Bengo, começaram esta semana a receber as residências, seis anos depois de terem sido transferidas do bairro da Favela.

A promessa, feita em 2010, era de que cada família iria receber a sua pró- pria moradia no prazo de 15 dias. A maioria aguardou seis anos. E há ainda quem tenha de esperar melhor sorte. Foi com a alegria estampada no rosto e gritos - "já tenho casa, já tenho casa" - que Cristina de Jesus, de 32 anos, começou a conversa com o Novo Jornal.

"Estou muito feliz. Depois de tantos anos a viver naquele sofrimento, hoje, finalmente, vou ter um sono tranquilo. Só tenho de agradecer ao Executivo. Mesmo com a demora, deu-me uma casa", explicou.

Cristina faz parte das mais de 1.700 famílias que foram retiradas do bairro da Favela, na comuna da Kinanga, em Novembro de 2010, pelo Governo da Província de Luanda. A moradora, que vivia no sector 9, foi beneficiada com uma habitação do tipo T2. Outra moradora do sector 9 que também recebeu uma residência foi Maria da Piedade, de 58 anos, que, no Panguila, dividia a casa com duas famílias, à semelhança do que acontecia com Cristina de Jesus.

A mulher mostrou-se igualmente satisfeita com a nova residência, mas foi mais contida nos festejos, porque a casa que lhe entregaram não tem energia eléctrica, nem água potável. "Gostei da casa, mais vale esta do que dividir uma com pessoas estranhas. Mas preocupa-me por não ter luz nem água. Assim, o nosso sofrimento vai continuar, porque temos de comprar água aos chineses", disse, resignada, Maria da Piedade. A mulher mostrou-se também insatisfeita pelo facto de a residência que recebeu apresentar fissuras, para além de todas as janelas e portas estarem partidas.

De acordo com fontes do Novo Jornal, as moradias entregues aos ex-moradores da Favela foram construídas há mais de dois anos e, apesar de tão pouco tempo, apresentam fissuras na sua estrutura. A maior parte das casas não tem chão e as sanitas foram arrancadas dos quartos de banho devido à demora. Uma fonte confidenciou que, desde o início, o Complexo Residencial do Panguila foi um projecto do Ministério da Construção e Urbanismo. A entrega das residências não tem nada a ver com o Governo da Província de Luanda, nem do Bengo, conforme muitos pensavam.