O governo, através da Secretaria de Segurança Pública, diz não ter números oficiais sobre a alta do número de assassinatos no Estado, desde o início da greve, no último sábado, com a região a sofrer desde então uma onda de violência.

Saques a lojas, supermercados, assaltos e tiroteios foram registados em larga escala em diversas cidades, inclusive na capital Vitória, onde os serviços de transporte, bancos, postos de saúde e escolas permanecem fechados.

Os polícias reivindicam aumentos salariais e melhoria nas condições de trabalho e como a lei os impede de organizar greves, são os seus familiares e amigos que, defronte dos quartéis e esquadras, os impede de sair para patrulhar as ruas.

O Governador do Estado, Paulo Hartung, de baixa por doença, classificou na quarta-feira a paralisação como "chantagem" a paralisação dos policiais.

Hartung deve reassumir o cargo na próxima semana.

Já o ministro da Defesa, Raul Jungmann, garantiu ontem no Porto, norte de Portugal, acreditar que a "normalidade" regressará ao Estado de Espírito Santo "nas próximas horas", admitindo, no entanto, que vai regressar ao Brasil mais cedo do que previsto para estar "mais próximo".

O governante falava no final do primeiro dia de programa do I Diálogo da Indústria de Defesa de Portugal e do Brasil, que decorreu no Porto.

Governo acusou 703 polícias militares

Entretanto, o Governo do Espírito Santo anunciou hoje ter acusado 703 polícias militares pelo crime de revolta, numa resposta à paralisação destes agentes, que desde sábado não saem para patrulhar as ruas.

Como o direito à greve de funcionários públicos que trabalham armados, ou seja, das forças policiais, é proibida pela lei brasileira, se forem condenados estes militares poderão ser sujeitos a penas de entre oito e 20 anos de prisão.

A medida foi anunciada pelo secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, que informou também que, do pagamento dos agentes serão descontados todos os dias em que eles não saíram dos quartéis para trabalhar.

"O ponto [salário] será cortado a partir de sábado, quando houve a paralisação quase que total do efetivo da polícia militar (...) As férias dos polícias miliares também serão suspensas porque estamos diante de um quadro de motim", disse.

O secretário alegou que as autoridades estão também a identificar as mulheres dos polícias, que estão a impedir a saída dos agentes dos quartéis, e disse que irá enviar para o Ministério Público Federal (MPF) os nomes das que forem identificadas.