Ao ter começado a corrida mais cedo, o MPLA antecipou-se aos seus concorrentes e nesta fase inicial, aproveitando porventura o factor-surpresa, tem vindo a ditar a agenda eleitoral dos nossos dias. Mesmo tendo em conta que a agenda eleitoral pode estar viciada por uma eventual actuação parcial da imprensa, os concorrentes directos do MPLA não conseguem passar a ideia de que estão em campo com a mesma agressividade que o maioritário.

Embora as redes sociais e os meios alternativos, incluindo a imprensa privada, não sejam suficientes para substituir o impacto da imprensa pública, a divulgação dos eventos e acções eleitorais da oposição permitiriam também aferir a dimensão dos eventos que estão a ser realizados e a equidistância ou não da imprensa. Nesta altura do campeonato, por exemplo, não existem websites, blogs e redes sociais quando o maioritário já tem a "máquina a rolar".

A UNITA e a CASA-CE não deixaram de fazer as deslocações e comícios, que já antes faziam, mas que, apesar do clima pré-eleitoral, continuam a não ter espaço e tempo suficientes (da imprensa mas também criados por eles próprios) para ditar a agenda eleitoral.

Portanto, se, por um lado, há uma visibilidade das acções do MPLA por todo o país, regista-se, por outro lado, uma certa ausência de eventos ou então a omissão na divulgação das realizações dos outros partidos.

A verdade é que, com mérito próprio ou até com o empurrão da imprensa pública, o espaço público é altamente dominado pelas acções do MPLA, enquanto os restantes partido continuam, de modo inacreditável, a não encontrar alternativas para essa armadilha com que já se confrontaram nas últimas eleições.

Não prestar a devida atenção ao impacto do espaço público é um erro recorrente da oposição, e, mesmo que mais adiante venha a corrigi-lo, estão desde já criadas as condições para que a mensagem do maioritário circule e se propague de modo mais facilitado.

Os atrasos da oposição não se resumem apenas ao espaço público. A iniciativa do maioritário de divulgar os candidatos a deputados deixou a imprensa, os cidadãos e a sociedade em geral sem elementos de comparação.

(Pode ler na íntegra a coluna de opinião "Democracia e Cidadania", de Ismael Mateus, na edição n.º470 do Novo Jornal, nas bancas e também disponível em formato digital, que pode pagar no Multicaixa)