O governante falava num encontro com a ministra da Agricultura da República da Zâmbia, Dora Sllya, embaixadora da Namíbia e Angola, Cláudia Uushona, e a embaixadora do Zimbabwe, Nngni Segwe, que estavam em representação dos seus ministros da Agricultura e Florestas da Namíbia e da Agricultura, Mecanização e Irrigação do Zimbabwe.

Marcos Nhunga disse igualmente que se pretende estender a cooperação com a Zâmbia no domínio institucional, designadamente na área das florestas e fauna selvagem, para atender a necessidade da protecção destes recursos através do reforço dos mecanismos de combate à caça furtiva e de fiscalização e controlo da exploração florestal e comércio ilegal de madeira ao longo da fronteira comum.

Já com a República do Zimbabwe, a cooperação incide na área de produção de sementes de grão e cereais em larga escala, mediante o estabelecimento de parcerias entre empresários angolanos e zimbabueanos.

Segundo o governante, do Zimbabwe, Angola espera ainda obter a boa capacidade e experiência que detém na fabricação de pequenas tecnologias e equipamentos ligados à preparação de terras, como charruas de atracção animal e outros, através do estabelecimento de parcerias entre empresários dos dois países.

"Temos vindo a desenvolver várias acções conjuntas nas áreas da agricultura, pecuária e florestas que, entretanto, gostaríamos de ver reforçadas, tanto no diminui institucional como empresarial", destacou o ministro sobre os mecanismos de cooperação entre Angola e a Namíbia.

Para o governante, "é importante reforçar a cooperação com Namíbia no controlo das doenças transfronteiriças ligadas ao gado bovino, através do reforço entre os serviços de veterinária de Angola e da Namíbia, bem como o intercâmbio empresarial na área de comercialização de gado bovino para reprodução".

Salientou que a agricultura "enfrenta ainda alguns constrangimentos que têm condicionado o seu desenvolvimento e dinamização, nomeadamente a limitada capacidade institucional, debilidade do sistema de investigação, insuficiência dos programas de controlo sanitário, baixa produção e produtividade associada à baixa qualidade das sementes, ao baixo nível do uso da mecanização ao baixo nível do uso de fertilizantes e defensivos no processo produtivo, entre outros factores".


O governo Zambiano deverá disponibilizar nos próximos tempos cerca de 5 000 toneladas de sementes ao Estado angolano.

A embaixadora do Zimbabwe, Nngni Segwe, manifestou-se preocupada com a falta de segurança alimentar em certas regiões do continente, tendo defendido a necessidade de existir mais envolvimento por parte da juventude no sentido do desenvolvimento do sector agrícola nos seus países.

É também o sector agrícola que leva um grupo de empresários angolanos a deslocar-se à Rússia, em Junho, para adquirir 80 mil toneladas de adubos simples. Os contactos com empresários russos para o apoio à produção de sementes em Angola já começaram entretanto.

A informação foi hoje à agência Lusa pelo director da Unidade Técnica de Investimento Privado do Ministério da Agricultura, António Sozinho, à margem do fórum económico sobre oportunidades de negócios para investidores russos e angolanos, realizado em Luanda, no âmbito da visita de trabalho do vice-primeiro-ministro da Rússia, Yuri Trutinev.

O responsável sublinhou que está em acção um programa de produção de sementes, para que Angola tenha uma indústria competitiva e sustentável, no seu programa de diversificação da economia, que tem como grande aposta a agricultura.

António Sozinho referiu que o programa de produção de sementes está em acção com a Zâmbia e o Zimbabué, para a produção de culturas tropicais, nomeadamente milho, soja, feijão.

"E pensamos também avançar com a Rússia, no que concerne à produção do trigo, que é um cereal fundamental não só para a dieta alimentar, como para a ração animal e para a indústria", disse.

Acrescentou que o pedido de apoio da Rússia estende-se igualmente à produção de adubos, para uma produção competitiva, que apenas pode ocorrer com o aumento da fertilidade dos solos.

"Estamos a manter contactos com a Rússia no sentido de numa primeira fase adquirir no mercado russo esses fertilizantes, amónio e ureia, por isso é que uma delegação de empresários angolanos se vai deslocar à Rússia para a compra de fertilizantes, numa primeira fase, e ajudarem-nos na produção desses fertilizantes em Angola, numa segunda fase", acrescentou.

António Sozinho avançou ainda que estão em curso negociações com o Banco de Desenvolvimento de Angola para o apoio a esses produtores.