Estamos na época de campanhas eleitorais e noto que o turismo não figura nos programas de todos os partidos. O fortalecimento do sector turístico iria alinhar-se perfeitamente a um outro princípio sobre o qual parece haver um consenso entre os políticos angolanos: a descentralização.

Um programa de turismo bem pensado iria estimular as iniciativas locais. O turismo - claro, estruturado e sustentável - poderá, certamente, ser um dos pilares-chave da economia angolana.

Devemos sempre aprender com os nossos vizinhos. Na Zâmbia, houve um grande esforço para reanimar o sector agrícola; o efeito é que se está a produzir muito para exportação - há, até, casos de as vidas dos camponeses se terem deteriorado porque as terras e mesmo a mão-de-obra tinham de ser cedidas a grandes empresas.

A agricultura, quando não é muito bem pensada, pode causar muitos prejuízos. O turismo, porém, tem beneficiado muito a Zâmbia, Namíbia e Botswana.

A província do Kwando-Kubango poderia fazer parte da vibrante rede turística concentrada na região Okavango da Namíbia e Botswana.

Nos últimos três meses, viajei bastante pelo planalto central e pelo litoral de Angola e concluí que aquela região poderia, sim, atrair muitos turistas. Quando a estrada de Luanda para o Huambo (através do Waku-Kungo) estava a operar bem, não havia quartos disponíveis nos hotéis da cidade do Huambo aos fins-de-semana.

Muita gente vinha para o Planalto para visitar os parentes, visitar as aldeias e criar infra-estruturas nas aldeias de onde eram originários. Outros queriam conhecer os locais históricos: as missões, as escolas, até mesmo locais tradicionais como a sede do reino do Bailundo.

Nasci no Katchiungo, a 60 km da cidade do Huambo, e vivi parte da minha infância no Bom Pastor, um dos bairros da capital do Planalto. Não conhecia localidades como o interior da província do Kuito, onde tenho origens do meu lado materno.

Há dois meses, fui viajando do município da Catabola até Chiyuka - onde vim a saber que pertenço à família real daquela região. Fomos conduzindo por picadas que passavam por aldeias cheias de vida. Havia muitos pequenos rios, florestas bem conservadas cheios de pássaros - um paraíso para ornitólogos.

(A opinião de Sousa Jamba pode ser lida na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou em formato digital, cuja assinatura pode pagar no Multicaixa)