Em conferência de imprensa, Ricardo d"Abreu adiantou que o crédito malparado vai ser gerido pela Recredit, uma sociedade, tal como o BPC, estatal, em nome da qual já foi emitida dívida pública de 231 mil milhões de kwanzas e que vai ser responsável pelos créditos difíceis, para além do BPC, da generalidade da banca angolana.

Esta conferência de imprensa serviu para Ricardo d"Abreu marcar os 100 dias da sua gestão, direccionada para a reestruturação e recapitalização do BPC, e para explicar a situação no banco, dias depois de uma alegada lista com os nomes dos devedores ao banco ter sido divulgada nas redes sociais.

Sobre esta alegada lista de devedores, o PCA do BPC não lhe atribui qualquer credibilidade, rejeitando mesmo a sua veracidade, apesar de ter sido um dos temas que gerou mais expectativa para esta conferência de imprensa.

O que Ricardo d"Abreu garante é que já foram accionados os mecanismos legais para apurar responsabilidades na divulgação dessa mesma lista com centenas de nomes de alegados devedores ao banco, sublinhando que isso está a ser feto "para proteger o banco" e garantir que uma situação desta não se voltará a repetir.

Sobre a crise que o BPC atravessa, e para a qual foi encontrada como solução a emissão de dívida pública a favor da Recredit, com a qual o banco ira negociar o malparado, estando ainda previsto que o crédito remanescente terá a sua recuperação tentada pelo próprio banco, estimando Ricardo d"Abreu que em 2021 a instituição bancária já esteja estabilizada, embora, para isso, seja importante a recuperação económica do país no seu conjunto.

Uma das principais atribuições da Recredit, que em termos genéricos vai funcionar como uma espécie de "banco mau" para acolher créditos de difícil cobrança, é comprar os activos da carteira de crédito malparado nos bancos angolanos, incluindo, e à cabeça, os do BPC.

Para isso, o BPC e a Recredit já estão em negociações para definirem quais os créditos que passam do banco para a nova estrutura do Estado, não se sabendo, para já, quais e em que nomes estão, embora Ricardo d"Abreu tenha afirmado nesta conferência de imprensa que gostava de ver este processo concluído antes do final de 2017 por forma a libertar o banco do pesado fardo das contas que só em 2016 foram os mais de 29 mil milhões de kwanzas de prejuízos.

Outra das questões mais prementes para serem respondidas nesta encontro do PCA do BPC com os jornalistas, no final da tarde de segunda-feira, era se o banco vai ou não aproveitar a reestruturação para despedir pessoal e fechar balcões, tendo Ricardo d Ábreu esclarecido que isso não vai acontecer, apesar de admitir que quando chegou à administração ter encontrado "praticamente tudo parado".

O ano de 2012 é para o BPC um marco a partir do qual o seu PCA quer que esteja concluído o plano de reestruturação, que não passa por despedir nenhum dos seus mais de 5 500 funcionários ou fechar algum dos seus 443 balcões.

Outra das garantias que deixou, foi que não haverá, para já, quaisquer acções judiciais sobre a gestão passada do banco por falta de indícios criminais.