Questionada pela Lusa sobre se são justas as críticas ao investimento chinês em África, nomeadamente por não favorecerem o desenvolvimento de mão-de-obra local, Fernanda Ilhéu respondeu: "Temos que a analisar para ver se é uma crítica justa".

Para a professora universitária, é preciso ver "primeiro, se os países para onde os chineses vão trabalhar têm as máquinas e a mão-de-obra necessária para levar a cabo esses projectos, ou seja, se é preciso levar para esses países as ferramentas para explorar os recursos de que necessitam".

Depois, acrescentou, "sobre o facto de levarem de volta para a China os trabalhadores e os equipamentos, se o governo local não exige que fiquem e que mobilizem e formem as pessoas, é uma crítica, mas não é só à China, é também aos governos locais porque pode-se fazer isso com uma exigência e respeito pelas necessidades locais, nomeadamente em termos de manutenção e formação de recursos humanos e capitalização das empresas".

Fernanda Ilhéu falava à Lusa à margem da conferência "40 anos de relações diplomáticas entre Portugal e a República Popular da China, que decorreu recentemente em Lisboa, e na qual vincou que a longa história e a pequena dimensão de Portugal são factores importantes para a aposta da China em Portugal.

"Primeiro, o conhecimento histórico, nós não somos desconhecidos, comemoramos 40 anos de relações diplomáticas, mas o relacionamento existe desde o século XVI, temos uma história fantástica de compreensão da China, ainda que com episódios negativos, mas que não foram determinantes, e historicamente isto é muito importante", salientou a professora universitária no Instituto Superior de Economia e Gestão.