O comprador do diamante foi a joalharia multinacional britânica Graff Diamonds, num leilão organizado pelo Grupo Rapaport, sem custos, e esta venda pode marcar indelevelmente o negócio dos diamantes porque o seu preço, acima do mercado, resulta do valor acrescido pelo facto de as verbas apuradas estarem destinadas a acções de solidariedade.

As características físicas da gema não foram o mais importante neste negócio, porque não se tratando de um diamante com cor "D" ou "E", as mais valiosas, como foi, por exemplo, o caso do maior diamante encontrado em Angola, no Lulo, de 404 quilates, um "D-color" muito valorizado, tinha a "cor" da solidariedade por detrás dos seus volumosos 709 quilates.

O presidente do Conselho de Administração da Graff Diamonds, Lourence Graff, citado pelo site do Grupo Rapaport, admitiu que a cor desta "pedra" é muito indefinida", o que, normalmente, a retiraria do lote de compras possíveis da empresa, mas o facto é que a natureza dos objectivos da sua venda "fizerem dele um diamante especial".

O Grupo Rapaport admite mesmo que, com o peso da importância que a Graff Diamonds tem no mercado global dos diamantes, o gesto tido face à natureza desta venda, sublinhando a dimensão da responsabilidade social, pode abrir um "novo mundo" na procura global por diamantes.

Naturalmente que por detrás desta dimensão social está a história menos brilhante do universo dos diamantes quando, durante décadas, foram vendidos milhões de dólares de diamantes de sangue, alimentando conflitos e morte um pouco por todo o continente africano, mas não só.

A Serra Leoa foi dos países mais afectados por conflitos gerados pela cobiça dos diamantes, estando esta na origem de duas longas guerras na década de 1990 com milhares de mortos e amputados no registo.

Na partilha dos 6,5 milhões USD conseguidos pela venda do diamante, o Governo da Serra Leoa vai ficar com 3,9 milhões - a aplicar em projectos sociais -, cerca de 980 mil vão para um fundo solidário e o milhão remanescente vai para apoio directo à comunidade de Kono, onde a gema foi encontrada por um religioso cristão de uma das mais pobres comunidades do país e do continente africano.

A "pedra" vai agora ser sujeita a uma análise mais aturada e às mãos de alguns dos melhores artificies do mundo da joalharia para dele extrair uma ou mais jóias.