Este apelo da OMS surge depois de se constatar que a actual estratégia de vacinação, que passa por inocular o antidoto nos familiares, nas pessoas que estiveram em contacto com as vítimas ou nas áreas de proximidade aos locais onde estas estiveram na fase da doença mais aguda, em dois anéis de controlo, não está a funcionar.

Isto, porque as equipas sanitárias, nacionais e internacionais já admitiram que as pessoas com sintomas da doença não estão a procurar os postos médicos, preferido morrer em casa ou aos cuidados de curandeiros tradicionais e feiticeiros, supostamente porque está a vingar a ideia de que quem vai para os centros médicos com a doença só de lá sai depois de morrer.

Este cenário resulta num mais rápido espalhar do vírus, porque os hábitos e a tradição locais exigem, como sinal de respeito, tocar nos mortos nos rituais funerários, que é um dos mais graves comportamentos por ser facilitador da dispersão do vírus.

Para ultrapassar este obstáculo, que é uma das razões pelas quais está a ser tão difícil conter esta epidemia, a 10ª a ocorrer na RDC, desde que o vírus foi detectado em Humanos, decorria o ano de 1976, e a 2ª mais grave de sempre, depois da que matou, em 2013/14, mais de 11 mil pessoas na África Ocidental, a OMS entende que a melhor forma é passar a vacinar o maior número possível de pessoas nua determinada área geográfica de forma a retirar manobrabilidade ao vírus.

Estas vacinas, ainda em fase experimental, foram consideradas essenciais na contenção da epidemia que em 2013 devastou países como a Libéria, a Serra Leoa ou a Guiné-Conacri, permitindo acabar com a epidemia de provocou 11 mil mortos e um impacto económico devastador na África Ocidental.

Nas províncias do leste da RDC, onde a epidemia singra desde 01 de Agosto de 2018, Kivu Norte e Ituri, para além da dificuldade que resulta da grande letalidade e facilidade de dispersão deste vírus, as equipas sanitárias debatem-se ainda com uma forte densidade populacional onde são evidentes as frágeis condições socio-económicas, as múltiplas guerrilhas e milícias que não param de atacar os postos médicos e ainda uma grande densidade de refugiados, confluindo para facilitar a vida ao vírus e acrescidas dificuldades às equipas médicas.

O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado pelas agências, já veio dizer que esta recomendação visa ainda diminuir a sensação de insegurança e responde aos conselhos de especialistas" porque o relativo impasse na luta contra a epidemia exigia "adaptação da resposta".

Por outro lado, Jeremy Farrar, especialista em doenças infecciosas e director da ONG Wellcome Trust, admitiu que esta epidemia está numa "fase verdadeiramente assustadora" e que "se existe uma possibilidade de controlar a epidemia ela está na exigida mudança de estratégia".

E advertiu: "Sem essa mudança e sem apoio para a mudança exigida, esta epidemia pode evoluir para a dimensão da que ocorreu em 2013 na África Ocidental".