Morsi foi Presidente do Egipto por apenas um ano, entre Junho de 2012 e Julho de 2013, quando foi removido do poder pelo actual Presidente Abdel Fattah el-Sisi, através de um golpe militar quando este era o chefe do Exército.

O golpe de Estado conduzido por el-Sisi e um grupo de chefes militares próximos surgiu numa altura em que Morsi estava a ser fortemente contestado nas ruas do Cairo devido à sua postura claramente radicalizada pelas suas origens políticas, fruto da sua forte ligação à Irmandade Muçulmana, estando ainda sob suspeita de estar a formar condições para impor um regime ditatorial de natureza radical sob a égide da Shiaria.

A Irmandade Muçulmana, movimento entretanto banido em vários países, incluindo no Egipto, é um movimento religioso e político transnacional de génese sunita, criado no Egipto na década de 1920, que evoluiu de uma organização pan-islâmica social e religiosa para uma força com objectivos de poder sujeito à Sharia, a Lei mais tradicionalista aplicada pelos regimes de natureza islâmica fundamentalista.

A morte de Morsi surge num momento em que a sua família e activistas dos direitos humanos vinham a chamar a atenção para a fragilidade da sua saúde e os riscos acrescidos devido à sua manutenção num regime de detenção sujeito a longas horas diárias de solitária sem permissão para receber visitas de familiares e advogados.

Mesmo depois da morte, segundo contou à Reuters um dos seus filhos, Abdullah Mohamed Morsi, as autoridades do Cairo negaram autorização para que fosse realizado um funeral público na sua terra natal, isto, apesar de ter sido o primeiro Presidente eleito democraticamente após o derrube de Hosni Mubarak, que governou o país até 2011, com punho de ferro.

Recorde-se que, logo após ter sido afastado do poder pelo golpe militar liderado por el-Sisi, as forças de segurança egípcias lançaram uma violenta purga contra os seus apoiantes e membros da Irmandade Muçulmana, tendo milhares sido detidos e centenas mortos, condenados à pena capital ou em confrontos em operações lançadas pêlos militares.

Até ao momento, apenas alguns antigos aliados de Morsi vieram a púbico lamentar a sua morte e condenar a atitude das autoridades do Cairo, entre estes o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a própria Irmandade Muçulmana e ainda as autoridades do Qatar.

Morsi, no momento em que colapsou em plena sessão em tribunal, estava a ser julgado por alegada espionagem a favor do grupo radical palestino, Hamas.

A Reuters relata que Morsi tinha pedido para falar e ao fim de cincominuos em que se dirigiu ao tribunal, a partir da sua cela especialmente desenhada para ele, que é à prova de som, tendo tombado pouco depois, durante uma breve pausa na sessão de julgamento.

Foi transferido para um hospital onde a sua morte foi oficialmente confirmada, alegadamente devido a um ataque cardíaco.

Recorde-se que Morsi já estava detido a cumprir várias sentenças de prisão perpétua.

A Human Rights Watch fez saber a seguir que vai ser pedido à ONU uma investigação sobre as condições e o tratamento desumano a que Morsi foi sujeito, tendo uma representante desta ONG de defesa dos Direitos Humanos afirmado, via Twitter, que, "fruto da inadequada assistência médica, a agressiva condição de detenção em solitária e a proibição de contactar com a família", a sua morte ea uma questão de tempo.

Mohammed Morsi nasceu em 1951 em El-Adwah e estudou engenharia numa universidade do Cairo, tendo completado os seus estudos nos EUA.