O líder da oposição Raila Odinga, que está, provisoriamente, com cerca de 44 % dos votos, convocou já uma conferência de imprensa onde clama que um grupo de piratas informáticos violou a base de dados eleitoral e falseou os resultados "introduzindo algoritmos" que manipularam a votação.

Odinga considerou mesmo que se trata de "uma ataque à democracia" queniana, informando ser essa a razão para "rejeitar os resultados" mostrados até agora, que são provisórios até que todos os mais de 19 milhões de votos sejam contados.

Estas são as eleições mais contestadas no Quénia, uma das democracias tidas como das mais sólidas no continente africano embora esteja já relativamente claro que dificilmente estas acusações poderão afastar Uhuru Kenyatta, que foi eleito em 2013, de se manter no poder.

Uhuro Kenyatta é filho de Jomo Kenyatta, histórico combatente pela independência do país, que foi primeiro-ministro entre 1963 e 1964, ano em que assumiu a Presidência do país até 1978.

E para a oposição, a fraude já era uma certeza antes mesmo da votação porque, como revelou ainda Odinga na conferência de imprensa realizada às primeiras horas de hoje, os candidatos da oposição "não tinham como vigiar e verificar a lisura das várias fases de trânsito informático dos votos depois da sua contagem individual".

Na resposta, a estrutura de campanha de Kenyatta sublinhou que não existiram quaisquer queixas por parte das candidaturas durante o processo de transmissão de resultados", refutando, também por isso, a ideia de que possa ter ocorrido qualquer fraude.

Também a comissão eleitoral (IEBC) apontou para a transparência da votação.

A comunidade internacional mantém uma atenção especial sobre estas eleições no Quénia porque são das mais contestadas, mesmo antes da votação, com alegações de que uma larga fraude estaria em preparação.

E também porque está ainda fresco na memória o surto de violência que em 2007 ocorreu após as eleições, onde Odinga foi igualmente derrotado sob acusações de fraude, pelo recandidato Mwai Kibaki.

Esta crise pós-eleitoral, que provocou mais de 1400 mortos e mais de 600 mil deslocados, quase mergulhou o país numa guerra civil, sendo que existem relatos de que Uhuro Kenyatta foi um dos instigadores dessa violência.