A propósito, o Novo Jornal, na sua edição n.º 827, destacou uma personalidade influente, figura respeitada e autoridade reconhecida, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, cuja opinião, de elevado valor, deu respaldo à necessidade de se fazer prevalecer a luta "das mulheres e meninas", fazendo recurso à sua expressão, neologismo em voga, de inclusão das mulheres dos vários escalões etários. Ele, antigo alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, foi, sobremaneira, assertivo, salientando o eco da sua mensagem nesta jornada de reflexões.

Preocupa-lhe que "as crises mundiais afectam de forma mais severa as mulheres e as meninas. Onde quer que haja conflitos, catástrofes climáticas, pobreza ou fome, são elas as que mais sofrem". E põe o dedo à ferida: "Em todas as regiões do mundo, mais mulheres do que homens passam fome. Tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, tem havido uma reacção contra os direitos das mulheres, incluindo os seus direitos sexuais e reprodutivos, que impede e até reverte o progresso".
Salienta que "os países devem dar prioridade à igualdade para as mulheres e as meninas, reconhecendo que a igualdade não é apenas uma questão de direitos, mas também a base de sociedades pacíficas e prósperas. Para isso, os Governos têm de combater, activamente, a discriminação, financiando programas de apoio a mulheres e meninas e garantindo que as políticas, os orçamentos e os investimentos respondam às suas necessidades".

A opinião do Secretário-Geral das Nações Unidas é de extrema importância devido ao seu papel de liderança global e à sua responsabilidade em promover a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável em todo o mundo. A sua posição representa o consenso e os interesses de 193 Estados-membros da ONU, conferindo-lhe uma autoridade significativa e influência nas questões internacionais.

Portanto, a sua opinião é valorizada como um guia ético e político para a comunidade internacional, muitas vezes ajudando a moldar políticas e iniciativas globais.

Olhando para dentro, a situação social da mulher angolana é variada e complexa, com progressos significativos nalgumas áreas, mas desafios persistentes em outras. Nos últimos anos, houve avanços em termos de alcance da paridade, da educação e da participação política, mas questões como violência de género, acesso desigual a recursos e discriminação ainda são problemas significativos que precisam de ser abordados. O Governo e várias organizações da sociedade civil trabalham para melhorar a situação das mulheres em Angola, mas há um longo caminho a percorrer para se alcançar a verdadeira igualdade de género e empoderamento das mulheres. Enfim, o ideal de paridade que se deseja.

Num contexto em que a voz feminina continua a ecoar em busca de reconhecimento e representatividade, a noção de paridade emerge como um farol de esperança e transformação. A busca por equidade de género transcende fronteiras e manifesta-se em diferentes esferas da sociedade, desde a política e o mercado de trabalho até à esfera doméstica. A paridade não apenas promove a inclusão e a diversidade, mas também fortalece as bases de uma sociedade mais justa e inclusiva, em que as vozes e perspectivas das mulheres são valorizadas e respeitadas em pé de igualdade com as dos homens.

A participação igualitária de mulheres e homens não se resume a um número ou a uma percentagem (50% para homens e 50% para mulheres). Paridade deve ser uma estratégia para fortalecer e incentivar a participação política e social igualitária das mulheres. As mulheres não são nem melhores nem piores do que os homens. Aplicar o princípio da paridade significa garantir que as mulheres tenham o mesmo acesso, em todos os níveis, garantindo que elas estejam representadas da mesma maneira que os homens em todos os âmbitos da vida social, económica e cultural.

*Mestre em Linguística (Universidade Agostinho Neto)