Fonte da direcção da UNITA confirmou ao Novo Jornal que o encontro entre o ex-presidente do partido e o Presidente da República foi da iniciativa de João Lourenço, com o objectivo de avaliarem em conjunto a situação pós-manifestação e as suas consequências.
A fonte da direcção do "Galo Negro" considera que se trata de um encontro "normal" entre duas pessoas que se conhecem e que tiveram um relacionamento institucional durante o tempo em que Isaías Samakuva dirigiu o partido e João Lourenço era, antes de assumir a chefia do Estado, um destacado dirigente do MPLA, foi ministro da Defesa, vice-Presidente da AN e governador provincial de Benguela e do Moxico.
Lourenço e Samakuva conhecem-se inclusive dos tempos de juventude no Bié.
Samakuva, citado pela Lusa, reforçou a necessidade de diálogo e pediu que "aqueles que estão na cadeia sejam libertados".
"Mais uma vez nesses casos, as portas para se dialogar deviam estar abertas. Pedi ao Presidente da República que procurasse contactar a direcção da UNITA directamente, é importante que se esclareçam algumas situações", disse Isaías Samakuva.
Para o ex-líder da UNITA, a libertação dos detidos "vai contribuir para uma maior abertura de diálogo".
E só através da via do diálogo, consireou Samakuva, poderá haver "compreensão entre os angolanos, que pode ajudar a ultrapassar várias situações".
"Que vão até ao ponto de, diria, evitar que aquelas questões que parecem ser polémicas, como a questão das autarquias, por exemplo, sejam entendidas por toda a gente. Todas as pessoas saibam de facto o que é que se pretende fazer", declarou.
No sábado, 25, cerca de 2.500 manifestantes concentraram-se junto ao cemitério de Santana, em Luanda, para se dirigirem ao Largo 1º de Maio, mas foram travados antes do início da marcha por largas dezenas de elementos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), com apoio de brigadas caninas e unidades da cavalaria.
A manifestação foi dissolvida cerca das 13:30, com os organizadores a admitirem que não puderam prosseguir com o seu objectivo de chegar ao destino que estava programado, o simbólico 1º de Maio, mas sublinharam que os objectivos foram cumpridos, que era mostrar ao Executivo de João Lourenço a urgência de combater o desemprego e os seus efeitos nefastos na sociedade angolana.
Esta manifestação foi dissolvida com recurso a dezenas de granadas de gás lacrimogéneo e com a ameaça da PIR, com apoio de brigadas caninas e cavalaria, que detiverem dezenas de jovens, incluindo o dirigente da UNITA, Nelito Ekuikui, secretário do partido em Luanda.
Apesar de ter sido uma iniciativa de organismos da sociedade civil, contou com o apoio da UNITA.
Jornalistas da Rádio Essencial e do jornal Valor Económico foram detidos sem que para isso a polícia tivesse uma justificação legal. Os detidos circulavam numa viatura e estavam em trabalho a cobrir a manifestação, um direito consagrado na Constituição da República de Angola.