Ao contrário do que estava previsto, os 103 detidos foram todos levados para o "Dona Joaquina", sendo que o julgamento sumário vai decorrer por grupos em distintas salas do tribunal.

Desde as primeiras horas de hoje que centenas de pessoas estão nas imediações do TPL, entre estes amigos e familiares dos detidos, com palavras de ordem em que exigem a libertação imediata dos jovens que participaram na manifestação de Sábado, que foi reprimida de forma violenta pela Polícia Nacional, que deslocou para a cidade centenas de elementos da PIR, brigadas caninas e a cavalaria.

Entre os detidos estão 90 homens e 13 mulheres.

A assistir ao julgamento estão vários deputados e dirigentes da UNITA, partido que apoio, tal como o Bloco Democrático, o protesto organizado pelos movimentos da Sociedade civil Revolucionário e pela Cidadania.

Os jornalistas detidos nesse mesmo dia, segundo foi possível averiguar pelo Novo Jornal no local, não estão entre os grupos presentes hoje no TPL "Dona Joaquina", na baixa de Luanda.

Ouvido o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas, os profissionais vão ser libertados ainda esta tarde e não serão julgados, mas foram antes ouvidos pelo SIC- Luanda.

"Liberdade já!, Liberdade já!", ouvia-se hoje à porta do Tribunal Provincial de Luanda, onde começaram a ser julgados sumariamente os 103 detidos no Sábado, pela polícia, quando integravam a manifestação organizada pela sociedade civil com o apoio da UNITA.

Entre as mais de 200 pessoas que estão concentradas à porta do TPL, estão familiares e amigos dos detidos, incluindo jornalistas e dirigentes da UNITA, partido que se juntou ao protesto organizado pelo Movimento Revolucionário e pelo Movimento pela Cidadania.

Como o Novo Jornal constatou antes do início do julgamento, os detidos foram levados para o "Dona Joaquina" em grupos separados enquanto os familiares e amigos dos detidos gritavam palavras de ordem para exigir a libertação dos jovens, sublinhando que se tratam de detenções sem justificação.

A UNITA divulgou um comunicado, entretanto, onde exige a "libertação incondicional" dos detidos todos, como se pode ler aqui.

Já hoje, o Presidente da República, João Lourenço, reuniu na Cidade Alta com o ex-presidente da UNITA, Isaías Samakuva, tendo como mote para a reunião a manifestação de Sábado e as suas consequências, como se pode ler aqui.

Segundo o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, entre os detidos estão, para além dos elementos das organizações da sociedade civil que organizaram o protesto popular, Movimento Revolucionário e Movimento para a Cidadania, dirigentes da UNITA, que, a meio da semana, ao Novo Jornal, explicou que juntava o seu apoio ao protesto como forma de pressionar o Executivo para se empenhar no combate ao desemprego e aos problemas sociais que Angola atravessa.

Para diluir a manifestação, a PN recorreu a centenas de elementos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), da cavalaria e das brigadas caninas.

A governadora provincial de Luanda (GPL) fez declarações violentas à imprensa contra a manifestação onde alertou para o risco de repetição de episódios violentos do passado no país e pediu a vigilância contra a manipulação dos jovens por "alguns" que têm objectivos inconfessos.

Com estas palavras, a governadora de Luanda deixou claro que o Estado vai impor a sua força contra este tipo de protestos populares nesta fase em que o Pais atravessa uma crise sanitária no rasto da pandemia da Covid-19, que acumula com uma crise económica severa e quando Angola se aproxima de mais um período eleitoral que se adivinha quente.