"A oposição ficou perdida por falta de argumentos. Optou por abandonar a sala o que não é positivo", disse ao NJOnline o líder do grupo parlamentar do MPLA, Américo António Cuononoca.

"Lamentamos hoje a atitude dos deputados dos partidos políticos da oposição por terem abandonado o Parlamento durante a cerimónia da tomada de posse", acrescentou.

De acordo com o político, em democracia é normal que as pessoas tomem as suas decisões, mas não podem interpretar mal o que dizem as leis.

"A oposição recorreu às redes sociais para apresentar documentos falsos, a fim de manchar a imagem do novo responsável da CNE", criticou.

O presidente do grupo parlamentar do MPLA acredita que o antigo responsável da Comissão Eleitoral Provincial de Luanda fará "um bom trabalho", como novo presidente da CNE, tendo em vista os futuros desafios (eleições autárquicas e gerais).

"A suspeita da oposição não faz sentido, porque o novo presidente tudo fará para cumprir com a missão que lhe foi incumbida", disse Cuononoca.

O líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, referiu que a Assembleia Nacional legitimou a ilegalidade ao dar posse ao novo presidente da CNE, envolvido em vários problemas de gestão.

"Hoje é um dia triste para a nossa democracia em Angola, a Assembleia Nacional juntou-se ao Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), para legitimar irregularidades", lamentou.

Segundo o político, a UNITA vai continuar a lutar para que os futuros pleitos eleitorais não venham ocorrer como tem sido de hábito.

O deputado da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, disse ser vergonhoso o que aconteceu na Assembleia Nacional, com a tomada de posse no presidente da CNE.

"A sua reputação está manchada, não compreendemos como é que a Assembleia Nacional permitiu a tomada de posse de Manuel Pereira da Silva", lamentou.

O presidente do PRS, Benedito Daniel, receia que o novo presidente da CNE insista no antigo hábito de praticar fraude na contagem de votos.

"Como presidente da Comissão Provincial de Luanda teve má fama no processo eleitoral. Agora na qualidade de presidente da CNE como é que será?", Interrogou-se.

O seu homólogo da FNLA disse que com a tomada de posse do novo presidente da CNE, a Assembleia Nacional legitimou a corrupção em Angola.

"Temos informações de que o homem está envolvido em problemas referentes à gestão, quando foi responsável de Luanda da CNE e que os processos andam na PGR", disse Ngonda, afirmando que o que aconteceu no Parlamento é um mau exercício.

No período da manhã, a Assembleia Nacional rejeitou as petições da UNITA e de outros quatro deputados independentes da oposição contra a tomada de posse do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral.

Os deputados do MPLA foram ainda incentivados pelo Presidente da República, João Lourenço, que afirmou que a Assembleia Nacional deveria dar posse ao presidente da Comissão Nacional Eleitoral e que este foi indicado de acordo com a legislação.

"Somos um Estado de Direito e temos que respeitar as leis e o que a lei diz é que é competência do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) indicar, pelo processo apropriado, o presidente da CNE", declarou João Lourenço durante uma visita de campo à fábrica Textang II.

Antes da tomada de posse, a polícia travou uma tentativa de manifestação contra a tomada de posse do novo presidente da CNE.

Registou-se um forte aparato policial junto da Assembleia Nacional, onde Manuel Pereira da Silva tomou posse.

Recorde-se que, Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) designou, no mês passado, Manuel Pereira da Silva, presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

Manuel Pereira da Silva, até então presidente da Comissão Provincial Eleitoral de Luanda, venceu o concurso público curricular para o provimento do cargo ocupado actualmente por André da Silva Neto, que cumpriu dois mandatos desde 2012.

Além de Manuel Pereira da Silva, que venceu com 87 pontos, participaram do concurso Sebastião Diogo Jorge Bessa, Agostinho António Santos e Avelino Yululu, que tiveram 61, 54 e 48 pontos, respectivamente. Agostinho António dos Santos e Avelino Yululu já tinham concorrido, ao mesmo cargo, em 2012.

O concurso para a escolha do novo presidente da CNE foi aberto em Março do ano passado.

A Comissão Nacional Eleitoral é um órgão independente que organiza, executa, coordena e conduz os processos eleitorais.

É composta por 17 membros, sendo um magistrado judicial, que a preside, oriundo de qualquer órgão, escolhido na base de concurso curricular e designado pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.

Os demais membros são designados pela Assembleia Nacional, por maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções, sob proposta dos partidos políticos e coligações de partidos políticos com assento parlamentar, obedecendo aos princípios da maioria e do respeito pelas minorias parlamentares.

Compete à CNE organizar, executar, coordenar e conduzir os processos eleitorais, elaborar a sua proposta de orçamento e remetê-la ao Executivo, promover o esclarecimento objectivo dos cidadãos, dos candidatos, dos partidos políticos e das coligações de partidos políticos, acerca das operações eleitorais; publicar os resultados das eleições gerais e dos referendos. Os membros da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) tomam posse perante a Assembleia Nacional.