Ao NJOnline, os políticos entrevistados prevêem o agravar da situação social no próximo ano e receiam o aumento do desemprego se o Governo não avançar com a privatização das empresas públicas e o fomento da agricultura familiar.

"Foi um ano de desafios e de muitos sacrifícios para as populações em todo o território nacional", avaliou ao NJOnline o terceiro vice-presidente da Assembleia Nacional e membro da Comissão Permanente da UNITA, Ernesto Mulato, que espera que Governo aposte numa "boa qualidade de vida para os angolanos", no próximo ano.

Na sua opinião, os vários problemas que os angolanos têm enfrentado ao longo dos últimos quatro anos não têm só a ver com a crise económica, mas sobretudo com má gestão do erário público por parte de alguns governantes.

"Os angolanos estão ansiosos de ver o regresso do dinheiro que foi transferido de forma ilícita para o estrangeiro, a fim de acreditarem nas promessas do actual Governo", referiu.

Segundo o deputado da UNITA, os angolanos também "estão atentos aos compromissos assumidos pelo Executivo sobre o combate à corrupção, nepotismo e outras práticas que prejudicam o País.

"Este foi o ano da afirmação do Presidente da República como líder e esperamos que com as políticas delineadas pelo seu Executivo, os angolanos vivam bem num País rico em recursos de várias naturezas", concluiu.

O membro do colégio presidencial da CASA-CE, Manuel Fernandes, expôs que 2018 foi um ano em que os angolanos aprenderam a poupar as suas economias, face à crise que continua a abalar o País.

"O desemprego foi um caos total. Para os que trabalham, o que ganham não resolve absolutamente nada os seus problemas. Com a crise, os angolanos estão a aprender como se poupa o dinheiro. Vamos ver o que será o próximo ano", frisou o deputado da CASA-CE, destacando que "as acções do novo Presidente da República, João Lourenço, começam a alimentar esperança aos angolanos".

"No que diz respeito ao desvio do erário público, vimos algumas figuras serem aprisionadas, outros processos estão em curso, nota-se agora uma Procuradoria-Geral da República já a funcionar em todo o País, enfim, uma série de mudanças que começam a dar uma expectativa aos angolanos", destacou, esperando mais acções do Executivo.

O deputado manifestou-se preocupado com as poucas oportunidades de primeiro emprego aos jovens recém-formados nos diferentes níveis profissionais.

Relativamente à sua coligação, reconheceu que este ano a CASA-CE "viveu um momento conturbado", mas acredita que a situação já está ultrapassada, não obstante existirem ainda pequenas divergências.

"Cada membro da CASA-CE tem a sua opinião e nós temos que respeitar. O mais importante é que a situação seja ultrapassada para a nossa coligação ir às eleições autárquicas e gerais com muita força", destacou.

Abertura na Comunicação Social

O presidente do PRS, Benedito Daniel, enalteceu a forma como a comunicação social, durante este ano, abordou vários assuntos relacionados com o País e não só.

"Começamos agora a ver uma comunicação social aberta e é isso que faltava", destacou, lamentando, no entanto, pelos angolanos que "enfrentaram uma vida terrível com a permanência da crise social e económica".

"As populações das zonas rurais e das cidades vivem em estado de pobreza, apesar das riquezas naturais do País", criticou Benedito Daniel, defendendo que "a situação só será resolvida com a realização das eleições autárquicas em todos municípios".

O membro da FNLA, Armando Vimbi Teca, destacou a campanha diplomática do Presidente João Lourenço, realizada em vários países da Europa e da Ásia, que resultou na mobilização de vários recursos financeiros.

"Desejamos que estes recursos sejam bem geridos, para beneficiarem os angolanos e não como acontecia na antiga administração, em que só era saqueado o erário público", lamentou.

Referindo as detenções de alguns governantes da era José Eduardo dos Santos, Armando Vimbi Teca defendeu que as mesmas deveriam ser extensivas a outras figuras que também são responsáveis pela má gestão do erário público.

"Não é só Filomeno dos Santos e Augusto Tomás. Muita gente que está aí solta já deveria estar atrás das grades na unidade penitenciária de São Paulo" precisou, frisando que o actual Executivo "deve definir verdadeiras políticas para salvar Angola do abismo".

Um momento de referência para Armando Vimbi Teca, durante este ano, é o encontro entre o Presidente da República, João Lourenço, com personalidades da sociedade civil, que discutiram questões da actualidade.

"É um dos acontecimentos de grande relevância e é assim que age um Presidente da República, não excluindo as vozes da sociedade civil", concluiu, reconhecendo que no seu primeiro ano de governação, João Lourenço teve "algumas atitudes corajosas que têm agora que ser seguidas de actos práticos".