Segundo apurou o NJOnline, a ADA, fundada em 18 de Julho de 1993 e reconhecida pelo Governo em 2002, é, ainda, confundida pelo Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPTSS) com um partido político, razão pela qual muitas das acções que leva a cabo são silenciadas e/ou ignoradas.

O secretário da ADA, Vicente Albino Paulo, contou ao NJOnline que a ideia da criação da associação surgiu por ter constatado que milhares de angolanos não tinha trabalho e as autoridades governamentais só se preocupavam com os já empregados.

"O desemprego é um flagelo terrível, arruína os lares, provoca delinquência e outros fenómenos que prejudicam a sociedade. Criámos a associação a contar com apoio do Governo, mas até aqui não há solução", lamentou ao NJOnline, Vicente Albino Paulo.

"O MAPTSS não vê com bons olhos a acção da ADA. A instituição começou logo a desconfiar, como se de um partido político se tratasse. Se assim fosse, recorríamos ao Tribunal Constitucional para legalizar o mesmo", declarou ao NJOnlin o secretário da associação.

Na opinião de Vicente Paulo, o grande objectivo é o de propor ao Governo a criação de um subsídio de desemprego e de uma legislação que defenda e proteja os cidadãos desempregados.

"Vamos remeter um ante-projecto sobre a Lei dos desempregados ao Ministério da Administração, Emprego e Segurança Social, de modo a apelar à criação de condições para os mesmos", defendeu.

Segundo ele, antigamente havia um decreto que articulava cláusulas sobre o desemprego, "mas hoje, infelizmente, a nova Lei geral do Trabalho não entra em detalhes sobre a situação dos desempregados em Angola, um assunto que está a desmoronar vários lares".

Quando a ADA foi legalizada, em 2002, pelo Governo, escolheram, na altura, o ministro do MAPTSS, Pitra Neto, e o ministro da Reinserção Social, Norberto dos Santos Kwata Kanawa, para presidente e vice-presidente da mesa da Assembleia, mas estes rejeitaram a responsabilidade.

"Hoje, no nosso País, a falta de uma legislação que defenda os cidadãos desempregados, bem como de um projecto viável que estimule o auto-emprego, são preocupações que inquietam a associação", lamentou Vicente Albino Paulo.

Desde da sua existência, a ADA já formou 275 membros que criaram postos de trabalho e que agora empregam um número considerável de pessoas, sobretudo na capital do País.

"Sempre que recebemos algumas ajudas das organizações não-governamentais internacionais fomos dando, aos nossos associados, alguma ajuda financeira para criar postos de trabalho e empregar outros", informou Vicente Albino Paulo.

"Há várias organizações que o Governo ajuda, mas não fazem nada. Nós, com acções concretas e palpáveis, nunca beneficiámos do apoio do Executivo", explicou, reconhecendo que a situação económica e financeira do País não é a das melhores

"Mas não se deve descartar a possibilidade de se pensar na criação de um subsídio de desemprego", afirma.

Na sua opinião, o desemprego, hoje, em Angola, afecta mais os jovens com formação superior e não só.

"É triste observar um jovem licenciado a emitir facturas nos armazéns, ao passo que deveria dar o seu contributo na área da sua formação", referiu, salientando que este problema deve ser resolvido "urgentemente", a fim de se ir reduzindo o número de desempregados no país.

Segundo o secretário-geral, a ADA tem, em todo o território nacional, 36.875 associados, entre médicos carpinteiros, sapateiros (....) pedreiros e serralheiros.

"A sobrevivência da ADA depende de gente de boa-fé, dos nossos associados já com alguns projectos em funcionamento, e nós pagamos os nossos impostos normalmente, não somos como aqueles que fogem ao fisco", disse.

A organização tem uma escola comparticipada com 22 salas e 30 professores voluntários que recebem um pequeno subsídio só para minimizarem a situação dos seus associados.

Nos próximos tempos, de acordo com Vicente Albino Paulo, a ADA vai construir um centro de formação profissional no Benfica, explorar 150 hectares de terra na província de Malanje e um outro projecto agrícola no Kuanza Sul.

"As pessoas que querem trabalhar não beneficiam de crédito agrícola, como vimos na administração cessante em que recursos eram desviados para outros projectos", acrescentou Vicente Albino Paulo, que recebeu com o entusiasmo o discurso do Presidente da República, João Lourenço, quando se referia o incentivo do sector agrícola.

"Acredito que o novo Executivo dará o aval ao nosso projecto, que vem sendo barrado pela antiga administração", concluiu Vicente Albino Paulo.