Na sessão desta quarta-feira, o juiz, tenente general Salvador Domingos, revelou que existem mais duas gravações em "pen drive" com declarações do réu Francisco Massota, o que gerou alguma contestação da defesa.

A defesa do réu contestou a decisão do tribunal, argumentando que só podiam ouvir a gravação que surgiu na fase de instrução preparatória, sendo que as restantes gravações, que agora o tribunal informou da sua existência, apareceram numa fase posterior.

O Ministério Público (PM) disse que estás gravações devem ser ouvidas "porque o trabalho do tribunal é decidir com lisura a verdade e que objectivo do julgamento é descobrir a verdade".

A discussão entre os advogados dos réus foi interrompida pelo juiz para informar que o tribunal aceitaria ouvir os áudios e que os argumentos da defesa de Massota serão ouvidos no final.

"Elizandra, você na polícia não precisa trabalhar, vou-te meter a ler jornal no comando geral da Polícia Nacional. Não me denuncia. Se eu for preso, os assuntos vão continuar contigo, conversa com as pessoas para ficarem calmas, eu irei fazer devolução dos valores aos poucos", disse o réu em conversa gravada pela ré Elizandra Tomás sem o seu conhecimento.

Durante a conversa entre o comissário e Elizandra Tomás, Francisco Massota disse ainda que se fosse indicado a governador do Bengo fazia a devolução dos valores em duas semanas.

"Minha filha ninguém me conhece, eu não fui em casa de ninguém pedir o dinheiro, vou incriminar você. Se eu fosse indicado a governador do Bengo, ressarcia os 100 candidatos em duas semanas. Estou a pedir-te o favor para fechar o processo na procuradoria militar. Se este assunto para nas mãos do Procurador-Geral da República estou frito", ouviu-se na gravação.

No mesmo áudio, o tribunal ainda escutou: "Elizandra tens um futuro brilhante pela frente, fica calma, abafa o caso, vou-te colocar na Polícia Fiscal, lá tem muito dinheiro".

"Elizandra você quer enterrar o teu próprio tio? Fica calma, se esse caso for parar na instância superior serei despromovido e poderei correr o risco de ir parar na cadeia, você vai perder o emprego. Já te disse, não põe a justiça nisso, se eu for preso não pago nada, se for despromovido também não pago nada", avisou na mesma gravação.

Durante a audição da pen drive, Francisco Massota, revelou que tem como mexer no dinheiro do Departamento Nacional dos Serviços Sociais da Polícia Nacional (DNSS) para liquidar a divida com os 100 elementos não incorporados.

O NJOnline vai continuar a acompanhar as próximas sessões deste julgamento.