Segundo informações avançadas pelo sub-procurador da República no Cunene, José Clemente Cabinda, em declarações à Angop, os responsáveis foram presos na sexta-feira, juntamente com o chefe do Departamento de Gestão do Orçamento e Contabilidade do Governo, Nicolau Francisco Daniel, acusados do suposto desvio de mais de 890 milhões de kwanzas.

As detenções foram efectuadas pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), segundo o seu director local, Pedro João, revela também a Angop.

José Clemente Cabinda já tinha avançado, na terça-feira, 9, que vários titulares e ex-titulares de cargos públicos e funcionários do governo provincial do Cunene estão sob investigação da Procuradoria-Geral da República, no âmbito de 26 processos relacionados com crimes económicos, nomeadamente branqueamento de capitais e associação criminosa.

Segundo o responsável, dos 26 processos, 15 surgem associados ao branqueamento de capitais e associação criminosa, e já conduziram à constituição de 41 arguidos, entre titulares e ex-titulares de cargos públicos e funcionários do governo provincial.

Apesar dos avanços, José Clemente Cabinda reconheceu alguma morosidade na investigação e instrução preparatória de alguns processos, uma vez que nem todos os arguidos, declarantes e testemunhas residem na província.

O sub-procurador da República no Cunene adiantou ainda que estão sob investigação 11 processos-crime contra igual número de empresas, sobretudo do ramo de construção civil, com o intuito de determinar responsabilidades criminais ou civis.

A "investida" da PGR no Cunene junta-se à da Lunda-Sul, província onde foram instaurados 27 inquéritos por branqueamento de capitais e crimes conexos, envolvendo várias individualidades, inclusivamente titulares de cargos públicos na província.

De acordo com o sub-procurador-geral local, José Umba, desses 27 processos, oito são de peculato e corrupção passiva, e afectam os sectores da Educação, Saúde, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Justiça e Direitos Humanos bem como o Banco de Poupança e Crédito (BPC).

Tanto no Cunene como na Lunda-Sul, a PGR sublinha a possibilidade de o número de investigações aumentar, atendendo ao crescimento do número de denúncias.

As acções da PGR inserem-se nos esforços de se "criar uma cultura de moralização, de respeito aos princípios e respeito à legalidade", conforme destacou, recentemente, o procurador-geral adjunto, Mota Liz.

"Todos nós, independentemente do nosso posicionamento, temos de estar sujeitos à Lei para que a sociedade seja saudável. Quem optar pelo crime, temos de ter consciência que tem de assumir as suas responsabilidades", frisou o responsável, à margem da conferência "Perda de Bens e Recuperação de Activos", realizada no final de Setembro último, em Luanda.