Nesses protestos, que envolveram milhares de pessoas, na sua maioria jovens, de acordo com as agências, e segundo os dados preliminares agora revelados por organizações da sociedade civil, foram mortas sete pessoas e há pelo menos 40 feridos, alguns com gravidade.

Faure Gnassigbé estava no cargo desde 2005, viu o seu mandato oficial terminar em Maio último, estando a tentar, segundo a oposição, um ardil para se manter no poder através do que é comum fazer-se em África e que já resultou em milhares de mortos.

A resposta das forças policiais foi de extrema violência, como o demonstram dezenas de vídeos divulgados nas redes sociais, tendo a polícia togolesa disparado granadas de gás lacrimogéneo e usado força excessiva para afastar os manifestantes das áreas mais sensíveis de Lomé.

Para controlar os protestos populares, a internet foi cortada na totalidade do território deste país da África Ocidental, que fora o meio pela qual as manifestações foram convocadas para terem lugar de 26 a 28 deste mês de Junho.

Recorde-se que Faure Gnassingbé governava o país deste a morte do seu pai como Presidente e agora assumiu o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, o elemento mais poderoso da hierarquia de Estado, que não tem data oficial para terminar e pode ser reeleito pelo Parlamento indefinidamente.

Com esta tomada do poder de facto ao assumir a liderança do Conselho de Ministros, o cargo de Presidente da República terá agora uma função meramente simbólica e submissa a este Conselho, sendo ocupado por Jean-Lucien Kwassi Savi de Tove, um velho político togolês de 86 anos.

Esta transformação do poder em Lomé, que não tem ainda total respaldo constitucional, é vista pela oposição e pelos movimentos cívicos como um golpe constitucional com tal descaramento que as manifestações, que estão legalmente proibidas desde 2022, são agora uma realidade e podem vir a repetir-se com severas consequências.

Várias organizações internacionais já criticaram o "truque" de Faure Gnassigbé. A União Africana tem mantido um tom crítico severo e o Togo chegou mesmo a estar suspenso das suas actividades.