"É de dirigentes como este perfil, que não esperam encontrar regalias, facilidades e privilégios, que têm a consciência de que ser membro do comité central exige mais trabalho, mais responsabilidade, melhor conduta social, que o partido precisa descobrir e promover", continuou o presidente do MPLA, ao referir-se aos 134 candidatos a novos membros do comité central.
Lourenço passou depois para a luta contra a corrupção e para a abertura do País ao mundo, para conduzir o discurso para a dívida pública, situada nos 63%, e para voltar a dirigir-se aos "marimbondos".
"A dívida pública serviu também para financiar o enriquecimento ilícito de uma elite restrita e muito bem selecionada na base do parentesco, do amiguismo e do compadrio, que construíram conglomerados empresariais com esses dinheiros públicos", afirmou.
"Com esta situação de injustiça, que precisamos corrigir, por cada dólar que despende para realizar o serviço da dívida, o Estado está também a pagar o investimento dito privado na banca, na telefonia móvel, nos media, nos diamantes, na joalharia, nas grandes superfícies comerciais, na indústria de materiais de construção e outros que uns poucos fizeram com dinheiros públicos, reforçou.
"Não é aceitável e não podemos conformar-nos com o facto de se ter chegado ao ponto de colocar empresas públicas com destaque para a Sonangol e a Sodiam, a financiar também alguns desses negócios privados, como se de instituições de crédito se tratassem", disse ainda João Lourenço perante os 2.448 delegados que participam no 7º Congresso Extraordinário do MPLA.
Se o País conseguir inverter esta situação, batalha que João lourenço considera "ainda não ganha", "com estes e outros recursos poderá combater-se melhor a pobreza e edificar uma classe média com um nível de vida aceitável", reforçou.
De recordar que na quinta-feira, 13, a Procuradoria-Geral da República divulgou uma lista de várias empresas privadas, criadas com financiamentos do Estado, conforme noticiou o NJOnline, adiantando a PGR que algumas dessas empresas estão "em processo de privatização irregular" e outras foram financiadas e suportadas com garantia soberana do Estado, "sem ter havido o reembolso voluntário desses fundos públicos até à presente data". Da lista fazem parte as fábricas de tecidos Mahinajethu-Satec, Alassola-África Têxtil, Nova Textang II, de Joaquim Duarte da Costa David, Tambwe Mukaz, José Manuel Quintamba de Matos Cardoso, respectivamente. A Geni S.A, de Leopoldino Fragoso do Nascimento, e a Lektron Capital, de Manuel Domingos Vicente e Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", constam igualmente da lista agora divulgada. Uma grande parte dos empréstimos foi concedida pela Sonangol.