Afinal o que se está a passar para esta "invisibilidade" dos recenseadores nos bairros de Luanda e de outros pontos do País? A resposta cabe ao Instituto Nacional de Estatística (INE), que tem reiterado publicamente que tudo esta a correr bem, apesar de reconhecer existência de falhas.

Ao Novo Jornal, alguns recenseadores disseram que não estão a conseguir trabalhar com o aplicativo que é disponibilizado para a recolha de dados e muitos queixam-se da falha no próprio sistema.

Vários cidadãos asseguram que ficaram em casa o dia todo, no fim-de-semana, para receberam os recenseadores, mas estes agentes não apareceram nos bairros.

Ana Domingos, residente em Cacuaco, contou ao Novo Jornal que desde o arranque do Censo "nenhum recenseador se fez aparecer no bairro".

O mesmo se passa em quase todos os municípios de Luanda, como verificou o Novo Jornal depois de efectuar uma ronda pela cidade e ter e conversado com pessoas em diversos pontos.

Os cidadãos afirmam que por conta da "invisibilidade" dos agentes recenseadores, em Luanda, o Censo 2024, ainda não arrancou.

As pessoas dizem que ninguém está a passar nos bairros, a bater às portas das residências, como viram acontecer há 10 anos, em 2014.

O Censo Geral da População e Habitação, que decorre em todo o território nacional até ao próximo dia 19 de Outubro, arrancou na passada quinta-feira,19, à meia-noite, e os primeiros cidadãos a serem contados no processo de cadastramento foram os sem-abrigo, em diversos pontos de Luanda e do País.

Entretanto, segundo os recenseadores, problemas logísticos, como a falta de alimentação e de transportes, registam-se diariamente.

No Kuando-Kubango, conforme a Rádio Nacional de Angola, problemas logísticos estão a condicionar igualmente o arranque do Censo em Menongue.

Uma fonte junto do INE confidenciou ao Novo Jornal que um dos principais problemas, a par dos logísticos, foi a substituição do pessoal devidamente formado, neste caso os professores, para a entrada dos estagiários que agora apresentam défice de conhecimento técnico.

Para o êxito do processo, segundo o Instituto Nacional de Estatística, mais de 92 mil técnicos garantem, pela primeira vez de modo digital, o processo de Recenseamento Geral da População e Habitação.

A comissão multissectorial do Censo recomenda que a população forneça informações verdadeiras aos inquiridores para que os dados recolhidos permitam ao Governo definir políticas mais adequadas às necessidades reais da população.

Este é o segundo Censo Geral da População em Angola, o primeiro ocorreu em 2014.