Falando na tradicional cerimónia de cumprimentos de Ano Novo ao Corpo Diplomático acreditado em Angola, hoje no Palácio Presidencial, o Chefe de Estado lembrou os avanços democráticos que se têm observado em África, comprovados pelo clima "satisfatório" em que decorreram várias eleições realizadas no último ano.

Confiante de que também as eleições gerais angolanas, marcadas para Agosto, se vão pautar pela normalidade, José Eduardo dos Santos destacou "a crescente maturidade política" da população, essencial para uma escolha consciente nas urnas.

Frisando que dessa votação "decorrem as soluções mais viáveis para se ultrapassarem os problemas económicos e sociais actuais e se retomarem os índices mais elevados de crescimento", o Presidente da Repúblico disse acreditar na "transparência e no espírito de harmonia e concórdia" de todo o processo.

Para o também líder do MPLA, "o apoio e acompanhamento da comunidade internacional" é fundamental para "avaliar e confirmar com isenção o resultado ditado pelas urnas, para que não se repitam as cenas lamentáveis como as que têm acontecido em alguns países africanos, infelizmente associadas à sua contestação com actos violentos pela parte perdedora".

Além de olhar para as questões de política interna, José Eduardo dos Santos pronunciou-se sobre política externa.

"São muitos os problemas a que a comunidade internacional tem de fazer face, e só colocando acima de tudo a vontade política, o espírito de diálogo e o cumprimento dos princípios e normas do Direito Internacional será possível encontrar soluções para esses problemas", apontou o Presidente, sublinhando a "inquestionável necessidade de regresso aos parâmetros do multilateralismo universal, para se ultrapassarem mais facilmente os conflitos militares".

A missão, prosseguiu o Presidente da República, tem nas Nações Unidas um eixo fundamental. "Acreditamos que o novo Secretário-Geral da ONU, recentemente empossado, vai dar um notável impulso a uma nova abordagem dos problemas internacionais, e que os Estados membros dessa organização universal vão dar o contributo que estiver ao seu alcance para a busca de soluções efectivas para os conflitos actuais", José Eduardo dos Santos.

Partidário de "uma diplomacia preventiva mais actuante", o Chefe de Estado pediu mais apoio para África, nomeadamente "na luta contra o terrorismo", e no combate ao "radicalismo religioso e a sua expansão pelo continente".

Na agenda de prioridades regionais, o Presidente incluiu também a resolução do conflito no Sul do Sudão - através do fim da insurreição e início de uma uma verdadeira reconciliação -, bem como "a aplicação dos acordos entre o Governo e a oposição na República Democrática do Congo, para a realização de eleições até Dezembro de 2017, de modo a consolidar-se a confiança no sistema democrático vigente", e ainda a "conclusão da pacificação e estabilização na República Centro-Africana".