Valter Filipe entende que o regresso da confiança dos parceiros internacionais é ainda fundamental para diluir os constrangimentos provocados na economia pela dificuldade de realizar operações em dólares, como as importações de matérias-primas e bens determinantes.

"Precisamos ganhar a confiança com os parceiros internacionais, bancos correspondentes e com as autoridades bancárias internacionais, de modo a que o país volte a adquirir divisas suficientes para a dinamização do sistema financeiro e realizar operações em dólares, para a importação de matéria-prima e de mercadorias necessárias no desenvolvimento económico e social", disse o governador do BNA numa deslocação ao Huambo, citado pela imprensa.

Estes passos e intenções, reafirmados por Valter Filipe, surgem semanas depois de o último banco correspondente que permitia o chamado "clearing", mecanismo que possibilita aos bancos nacionais importar divisas sob respaldo de uma entidade interacional, que no caso era o Deutsche Bank, tornando ainda mais difícil a Angola ter acesso a dólares.

O que Valter Filipe foi sublinhar ao Huambo no fim de semana é que é decisivo que o sistema financeiro angolano seja protegido por forma a torna-lo mais credível aos olhos, essencialmente, dos bancos correspondentes, condição essencial para permitir o fluxo normal de dólares norte-americanos para o país.

As fragilidades do sistema financeiro angolano são conhecidas, nomeadamente na área da supervisão bancária e ainda debilidades acrescidas no combate ao branqueamento de capitais, consistentes com a percepção que instituições importantes como o Banco Central Europeu (BCE) ou a Reserva Federal norte-americana já mostraram ter.

Para que Angola possa reganhar a confiança destas instituições, estes dois itens, a supervisão bancaria e de outros organismos do sistema financeiro não bancário, ou ainda os mecanismos de controlo do branqueamento de capitais, devem, como admitiu Walter Filipe, ter uma atenção especial por parte das autoridades angolanas para que seja possível afastar em definitivo quaisquer dúvidas e suspeitas.

Subjacente às dificuldades descritas está a crise económica que Angola atravessa por causa, essencialmente, da queda do preço do barril de petróleo nos mercados, gerando uma interrupção na entrada de divisas no país ou, pelo menos, um diminuição drástica desse fluxo.

O governador do BNA esteve no Huambo no âmbito de um ciclo de palestras dedicadas à "Protecção e valorização do Kwanza, mediante o combate ao branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo", cujo périplo passou pelas províncias de Cabinda, Huíla, Benguela antes de terminar agora no Huambo.