Um facto assumido, embora com algumas reservas, mas poucas, é que teremos brevemente um novo Presidente da República. Os partidos da oposição vão pular, dançar, reclamar e reivindicar, mas não parece que será este ano que haverá um conjunto de cores diferentes na constelação dos longos anos de governação de Angola.

No entanto, a teoria do vira o disco e toca o mesmo será questionada como nunca.

No meio de revus e bajus, de uns contra e outros a favor, e ainda outros situados em cima do muro para ver o que vai dar, há com certeza uma preocupação nacional. Uma preocupação que parece timidamente escondida mas que não tarda irá desfilar na comunicação social e em eventos diários.

Ainda não está claro quem dará o primeiro passo, mas a linha de partida já está repleta de concorrentes. Como se deverá venerar o próximo titular do poder executivo?

Enquanto os revus procuram pontos negativos para ensaiarem as suas reclamações, os genuinamente bajus estão a ensaiar técnicas de um neobajulismo precoce que não venham a ferir a imagem endeusada do camarada Presidente.

Depois de vários anos de adulação, bajulação, exaltação e engraxamento militante dirigidos a apenas um indivíduo, surge agora um desafio político que está a dar voltas a muita gente. Excluindo os títulos formalmente usados, já não se poderão aplicar os adornos utilizados para qualificar o arquitecto da paz, líder incontornável de todos os angolanos e muitas outras formas de engraxamento doentio.

(Leia a crónica integral "Sorriso Crónico" na edição nº 469 do Novo Jornal, nas bancas, ou em versão digital, que pode pagar via Multicaixa)