"Houve algum optimismo quando João Lourenço chegou à Presidência, mas eu penso que a maior parte desse optimismo já se desvaneceu", disse John Ashbourne em declarações à Lusa a propósito do segundo ano do mandato do presidente angolano, que se completa esta semana.

"A maioria dos analistas foi surpreendido pelo grau com que o novo Presidente foi atrás da família de José Eduardo dos Santos, mas eu não acho que haja agora muito optimismo sobre grandes mudanças na economia, pelo menos a médio prazo", acrescentou o analista.

Questionado sobre as razões de Angola ter 'convencido' os investidores sobre um novo capítulo mas isso não ter ainda tradução no crescimento económico, já que o país deverá enfrentar mais um ano de recessão em 2019, John Ashbourne respondeu: "A situação económica ainda é terrível, mas muito disto tem a ver com o sector petrolífero, porque os preços desceram e o fraco investimento dos últimos anos causou uma redução do volume de produção, o que é doloroso, mas é difícil ver como é que o Presidente poderia ter evitado isto".

Sobre o futuro de Angola, agora que beneficia de um programa de assistência financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), o analista diz que tudo depende do petróleo.

"Tem tudo a ver com o petróleo, principalmente com os preços e a produção; primeiro, os preços podem subir e sustentar as receitas, permitindo ao Governo aumentar a despesa pública, é possível mas estamos cépticos que aconteça, e depois, se o declínio da produção não for estancado, então a economia vai continuar em recessão nos próximos anos", argumentou o analista.

Parte do problema, salientou, "é técnico, mas o Governo também tem de atrair investimento significativo numa zona de produção que é cada vez de alto custo", concluiu.