O Presidente eleito no pleito de 23 de Agosto, João Lourenço, ocupará a Cidade Alta no próximo dia 26 de Setembro, data que ficará marcada pela saída de José Eduardo dos Santos da Presidência da República.

No dia em que se cumprem 38 anos desde que o ainda Chefe de Estado tomou posse, a 21 de Setembro de 1979, o Novo Jornal Online foi ouvir algumas opiniões sobre a sua governação.

O deputado da bancada parlamentar do MPLA, Tomás da Silva, elogia o papel desempenhado por José Eduardo dos Santos desde que assumiu a liderança do país. "O camarada Presidente José Eduardo estará sempre na nossa memória", destacou.

Um outro deputado do MPLA, Pedro Diavova, considera o Presidente da República cessante uma "peça fundamental" para a paz em Angola. "Poucos líderes tiveram o percurso como o do camarada Presidente", resumiu.

Para o nacionalista Artur Taby, o ainda Chefe de Estado é um verdadeiro homem de paz e humanista de convicções firmes.

Taby destaca, entre os feitos de José Eduardo dos Santos, a solução da crise transfronteiriça que opôs Angola à África do Sul, entre 1986 e 1992, e que culminou com o repatriamento do contingente cubano na Independência da República da Namíbia e na retirada das tropas sul-africanas no país.

Corrupção a nota negativa

Mas se os correligionários destacam o contributo de José Eduardo dos Santos para a paz nacional e regional, os adversários políticos lamentam que a população raramente beneficie das riquezas do país.

O membro da UNITA António Sambala acredita que esta situação se deve aos "níveis de corrupção, que são tão altos no país, que a maior parte do dinheiro do sector extractivo, do petróleo e dos diamantes é desencaminhado para mãos indevidas".

"A elite angolana composta por um grupinho de pessoas controla a riqueza do país deixando milhares de angolanos na miséria", lamentou.

Já o analista político Domingos Bongo Neto considera que durante a governação de José Eduardo dos Santos houve a ausência de "políticas credíveis" para combater a corrupção e a falta de transparência.

"As estruturas estão dominadas por grupos demasiado politizados, partidarizados e fechados numa lógica de exclusão", frisou.

O especialista defende ainda que ao longo do seu consulado, a manutenção dos quadros nos sectores decisivos "bloqueou" o progresso e o desenvolvimento social e económico global.

"O crescimento que actualmente se regista não tem efeitos multiplicadores do resto da economia nacional", disse.

As críticas aos últimos 38 anos de governação do país não diluem contudo as esperanças na mudança.

"Tenho confiança que o novo Presidente não vai tolerar a corrupção", diz o membro do MPLA, Albano Sutila.

Já o militante do PRS Eduardo Kumba espera que o Presidente da República eleito faça uma revolução para salvar Angola, que diz estar num beco sem saída. "A ver vamos", abreviou.

Por fim, o membro da CASA-CE Ramos Paulo Kuanda destaca a figura de José Eduardo dos Santos nos 38 anos à frente dos destinos de Angola, mas acusa-o de ter enriquecido os filhos.

"Tudo nas mãos dos seus filhos, essa é a parte negativa do senhor Presidente cessante", assinalou.