Álvaro Sobrinho recusou ainda responsabilidades no colapso do grupo financeiro português, afirmando que o BES lucrava com os juros cobrados ao BESA e que, historicamente, o banco angolano teve resultados superiores a Portugal.

Sobre as dúvidas levantadas na imprensa portuguesa sobre o volume e os moldes do crédito concedido pelo BESA, Sobrinho reiterou o cumprimento de todas as regras no período em que liderou o banco - de 2002 a 2012 - e sublinhou que tudo foi processado perante o conhecimento do acionista português: Reportávamos toda a carteira de crédito mensalmente, reportávamos o risco de crédito e o rácio de liquidez. Os maiores devedores eram reportados ao BES, que depois comunicava ao Banco de Portugal, bem como os maiores depositantes.

Nos órgãos sociais, a participação do accionista BES era sempre feita na pessoa de Ricardo Salgado, afirmou.

Sobrinho desmentiu ainda o conteúdo de suspostas actas da assembleia geral do BESA que dariam conta do desconhecimento da identidade dos destinatários dos créditos. Não é verdadeiro, disse, qualificando como falsa uma notícia do jornal português Expresso.

E revelou ainda que o crescimento do crédito do BESA aumentou duas vezes e meia depois de [Sobrinho] sair. A carteira [de crédito] que deixei quando saí era de 6,7 mil milhões USD. Passado um ano e meio, em Junho de 2014, passa para 9,2 mil milhões USD, disse o gestor.

Sobre a exposição do BES ao BESA, o antigo banqueiro angolano explicou que o dinheiro da linha de crédito do accionista português ao banco angolano (3.300 milhões de euros) ficou no BES em Portugal.

Angola foi sempre um bode expiatório, acusou, colocando também em causa o interesse de alguns deputados portugueses sobre o seu património e investimentos e questionando porque é que as mesmas perguntas não foram feitas aos responsáveis lusos daquele império financeiro.

Sobre a venda da ESCOM, o antigo presidente do BESA revelou que foi a Espírito Santo Resources que recebeu o sinal de 85 milhões de euros.