Por detrás desta recuperação importante, 6,73 %, para 29,03 USD no barril de Brent, cerca das 09:25, referente aos futuros de Junho, e quase 9%, para 24,67 no WTI, à mesma hora, está, apontam os analistas, alguns, mesmo que ainda ténues, sinais de que o consumo de combustíveis rodoviários e, depois no transporte marítimo e aéreo, está a retomar com a progressiva reabertura das economias europeias, norte-americana, indiana e, já antes, da chinesa.
Com a lenta, mas já evidente reabertura das grandes economias, que são igualmente os grandes consumidores de crude, os mercados estão a apostar na valorização da matéria-prima e é isso que está a ser reflectido nos gráficos do Brent e no WTI.
A Reuters nota hoje que já se percebem os sinais de retoma na procura por crude em alguns estados norte-americanos, mas também em países europeus e asiáticos, como Itália, Espanha, Portugal, Índia e Tailândia, onde as pessoas estão a ser autorizadas a um regresso parcial ao trabalho e a reabrir o comércio e a produção industrial.
Mas, em condições normais, estes dados não seriam suficientes para a escalada que o barril está a fazer na mesma montanha de onde rebolou nos últimos dois a três meses. O que está a incendiar os mercados é o facto de as perdas terem sido tão volumosas que, agora, quaisquer boas notícias são exponenciadas, absorvidas e transformadas em valor de forma rápida e consistente, embora os analistas sublinhem que a volatilidade está longe de se esfumar totalmente.
Todavia, existe hoje um sentimento de que o pior já passou, mesmo que alguns percalços voltem a surgir, como, por exemplo, nos dias imediatamente antes do fim do prazo de negociação dos futuros de Junho, tanto no WTI como no Brent, porque, ainda não foi esquecido o desastre que sucedeu no mercado de referência dos EUA quando esteve a negociar a 40 USD negativos no fim do prazo de venda dos futuros de Maio, quando nunca tinha, na história desta indústria, chegado sequer a transaccionar a um cêntimo negativo.
E isso pode ser demonstrado, apontam as agências e os sites especializados, com a retoma das aquisições de derivados do petróleos pelos grandes fundos de risco e os gestores de fortunas nas últimas semanas.
Outra nota que está hoje a ser comum a uma grande parte das análises é que as subidas de hoje podem estar a ser resultado de um excessivo optimismo, porque partem de um pressuposto que não está a considerar a dimensão total do impacto da crise na perda de procura que foi de 30 milhões de barris por dia (mbpd) em Abril e os cortes da OPEP+ se ficaram pelos 10 mbpd, sendo de 20 mbpd o buraco que é preciso tapar com o crescimento da procura, o que é suficiente para esperar que, no mínimo, essa retoma seja lenta e prolongada.
Um dos grandes problemas é o sector dos transportes aéreos, que é responsável por pelo menos 10% do consumo global de crude, e marítimos, que conta com igual percentagem, que podem levar meses ou mesmo anos a voltarem ao que eram antes da pandemia.
E há ainda a questão dos stocks globais que estão em máximos de sempre e continuam a subir com os países e indústrias que mais consomem a aproveitarem este tempo de crude barato para atestar os depósitos.