O petróleo, tanto o Brent como o WTI, o mercado norte-americano de Nova Iorque, está há cinco meses a ganhar terreno de um dos mais dramáticos períodos da história desta indústria gerado no rasto da crise global provocada pela pandemia da Covid-19.

Isto, como se pode perceber nas análises dos especialistas citados nas agências e nos sites especializados, não deixa de ser uma curiosidade porque a razão dessa mesma crise, o novo coronavírus, que levou ao "fecho" agressivo e súbito das maiores economias mundiais por lagas semanas, mesmo meses, está a reaparecer em força um pouco por todo o mundo, voltando a gerar medo mas ao qual o sector petrolífero parece estar relativamente indiferente e soma e segue.

Este contraciclo, onde o barril de Brent está a chegar ao fim de Agosto somando cinco meses sucessivos de ganhos, o que está plasmado nos 46,5 USD a meio da manhã, valor que não atingia desde Março, quando a crise pandémica já estava prego a fundo.

Mas tem, no entanto, alguns suportes inesperados, como sejam o "pressing" global para a criação de uma vacina eficaz ou ainda as tempestades que se abaterem nos últimos dias sobre o Golfo do México, onde os EUA, a maior economia e maior consumidor mundial, sendo igualmente o maior produtor planetário, têm a sua mais importante estrutura produtiva, que as companhias se viram obrigadas a suspender e que procuram, agora e a todo o custo, voltar a reabrir.

A Reuters, por exemplo, coloca ainda em cima da mesa a desvalorização recente do dólar norte-americano que, como sempre sucede, leva o barril a uma valorização relativa, apesar dos stocks serem graúdos - a China vai diminuir as importações em Setembro em quase meio ano - e a pandemia estar de novo a "bater nos muros da cidade".

Mas as boas notícias para Angola, e para os restantes países exportadores apertados por severas crises económicas, podem ser de curta duração porque as recentes valorizações, como notam hoje as agências, estão a levar os operadores do fracking norte-americano a voltar a extrair, o que vai resultar num acrescento ruidoso ao já evidente excesso de oferta.

A acompanhar esta realidade, e quando a infra-estrutura produtiva angolana está com uma nova crise em mãos devido à suspensão estratégica das companhias, movidas pela crise pandémica, o que colocou o País a produzir a níveis recorde em baixa, actualmente perto dos 1,24 milhões de barris por dia, o gigante saudita acaba de anunciar a descoberta de dois novos e gigantescos depósitos de crude e gás natural.