A bactéria que causa peste bubónica, a mesma que dizimou centenas de milhões de pessoas na Europa, no século XIV, não é rara na ilha de Madagáscar, mas há muitos anos que não atingia as proporções que este surto está a ter desde o início do mês de Setembro, finais de Agosto.

Citado pelas agências, um responsável pelo Ministério da Saúde malgaxe Manitra Rakotoarivony, explicou que as primeiras medidas decididas pelas autoridades sanitárias passam por desaconselhar, e em algumas áreas, proibir mesmo, reuniões públicas, especialmente nas ruas de Antananarivo.

Esta peste é causada pela bactéria Yersinia pestis, e transmite-se ao homem através da picada de pulgas que têm nos ratos o principal veículo de dispersão, exactamente os mesmos que estiveram por detrás da grande epidemia de Peste Negra que varreu a Europa e parte da Ásia a partir de 1347, calculando-se que terá matado cerca de 600 milhões de pessoas e durou mais de um século a ser extinta, tendo dizimado pelo menos um terço (1/3) da população europeia.

Para ajudar o Governo malgaxe a lidar com este problema já está no país um grupo de especialistas que integram o Instituto Pasteur, de Paris, e a OMS.

Esta doença manifesta-se principalmente nas formas bubónica e pulmonar, sendo a segunda mais grave por ocorrer transmissão através da tosse, mas as autoridades sanitárias locais e a OMS recordam que existem actualmente tratamentos eficazes para a bactéria que a causa, sendo, no entanto, importante a colaboração das populações para evitar o seu alastramento, reiterando a inexistência de razões para pânico.

Mamy Lalatiana Andriamanarivo, ministro da Saúde sublinhou em conferência de imprensa que, em Madagáscar, quando ocorrem casos de peste, tanto bubónica como pulmonar, "há em todos os distritos do país uma resposta imediata". apelou à calma e, procurando retirar qualquer dramaticidade a este situação, afirmou que se trata de "uma doença tratável através de medicamentos disponibilizados gratuitamente no país".

Ao contrário da grande Peste que varreu a Europa medieval no século XIV, os novos tratamentos, por vezes com simples antibióticos, permitem controlar com relativa facilidade esta doença, sublinhando apenas os especialistas a necessidade de manter uma permanente atenção nas zonas onde ocorre com maior frequência por forma a não deixar que alastre.