A data das eleições só será conhecida ao final do dia, depois de uma maratona de audições dos partidos por Marcelo Rebelo de Sousa, que então anunciará o dia em que os eleitores portugueses vão decidir se voltam a apostar no PSD e no seu líder e primeiro-ministro, Luís Montenegro, ou metem as fichas nos socialistas de Pedro Nuno Santos.
Para já, as sondagens não são esclarecedoras, dando, antes da discussão da Moção de Confiança, uma ligeira vantagem à coligação PSD/CDS, mas dentro da margem de erro e mostrando uma queda ligeira desta, com uma subida do Partido Socialista.
O dado mais relevante dessas sondagens para a extensa comunidade angolana em Portugal, uma das maiores do mundo, é a queda do partido da extrema-direita, o Chega, que defende restrições severas à entrada de estrangeiros no país e condições mais difíceis de preencher para aqueles que residem naquele país europeu.
Neste período de tempo, escasso, deverá ficar claro se os partidos à direita, PSD, CDS e Iniciativa Liberal, avançam com uma coligação pré-eleitoral, e se à esquerda, PS e Livre o fazem também, ou se essa frente de esquerda poderá ainda abranger o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, ou se esse cenário ficará para depois de contados os votos e medida a força popular de cada um deles.
Embora, o PS deva optar por avançar sozinho e pedir uma maioria confortável para Governar, isto considerando que ainda na quarta-feira, o líder do PS afirmou em entrevista a uma televisão que se o seu partido vencer com margem pequena, o PSD de Montenegro tem a obrigação de viabilizar a sua governação como Pedro Nuno Santos fez há cerca de um ano.
Como nota a Lusa, Marcelo Rebelo de Sousa tinha sinalizado que, se a moção de confiança fosse rejeitada provocando a queda do Governo, o "calendário eleitoral" apontaria para meados de Maio.
O chefe de Estado nunca se referiu explicitamente à antecipação das legislativas, mas depois de ter dissolvido a Assembleia da República há cerca de um ano, após a demissão do anterior primeiro-ministro, António Costa, na sequência do processo Influencer, deixou entender que desta vez voltaria a optar pela mesma solução.
Quando se tornou evidente que a moção de confiança seria rejeitada, como viria a acontecer na terça-feira, o Presidente prometeu agir o mais rapidamente possível, convocando os partidos para o dia seguinte e o Conselho de Estado para dois dias depois, os dois passos constitucionalmente obrigatórios antes de qualquer dissolução do parlamento.
Marcelo considerou fundamental que "a economia, a sociedade e a vida das pessoas continuem", num período que não será "mais longo do que dois meses" e "antes ainda daquilo que possam vir a ser as eleições autárquicas e as eleições presidenciais em normalidade", embora manifestando preocupação com a antecipação das eleições num cenário de crise internacional.
O Conselho de Estado, avança ainda a Lusa, foi convocado para quinta-feira.
A crise política foi desencadeada há cerca de um mês após notícias sobre uma empresa familiar que pertenceu ao primeiro-ministro, a Spinumviva, levando à apresentação de duas moções de censura do Chega e PCP, ambas chumbadas. Face às dúvidas que os partidos continuaram a manifestar, o primeiro-ministro anunciou a apresentação de uma moção de confiança, rejeitada na terça-feira, que provocou a queda do Governo.
As dúvidas sobre a antiga empresa de Luís Montenegro, que antes de ir para o Governo passou à sua mulher e mais recentemente aos seus filhos, levou o PS a apresentar uma comissão parlamentar de inquérito para produzir resultados num prazo de 90 dias. No debate em plenário, o Governo admitiu retirar a moção de confiança caso o PS reduzisse o tempo do inquérito para 15 dias mas o PS rejeitou.
Após uma interrupção dos trabalhos durante meia-hora, o PSD fez saber que propôs ao PS que o inquérito durasse até final do mês de Maio, ou seja, cerca de dois meses, proposta que também foi rejeitada pelo PS. O requerimento do PS para uma comissão de inquérito propõe um prazo de até 90 dias.