Já se sabia que a AD, a coligação dos social-democratas do PSD e os centristas do CDS, era a mais votada (ver links em baixo), mas faltava perceber se a chefia da oposição se manteria no Partido Socialista, ou passaria a ser do Chega, o partido que tem observado uma trajectória de subida fulgurante nos últimos anos.
Liderado por André Ventura, um populista de extrema-direita, o Chega é em Portugal o representante do extremismo que tem somado vitórias e conquistas na Europa e também nos Estados Unidos, com a eleição do Presidente Donald Trump.
Em Angola, percebendo o risco que a subida de um partido com estas carecterísticas, o partido que sustenta o Governo, o MPLA reagiu lamentando o "retrocesso" verificado na democracia portuguesa.
A 18 de Maio, a AD tinha obtido 89 deputados com 30% dos votos, a que soma agora dois lugares no Parlamento ganhando a votação do circulo Fora da Europa, enquanto o Chega, que já tinha conseguido 58 deputados, passa a 60, e ultrapassa o PS, que mantém os 58, como líder da oposição, somando os dois deputados do circulo eleitoral da Europa.
A passagem do PS, que governou aquele país europeu durante oito anos, até 2023, onde reside a maior comunidade angolana na Europa, para 3ª força política é um acontecimento histórico, que nunca tinha acontecido desde que Portugal tem eleições democráticas, após a revolução de 1974 que libertou o país do regime fascista do Estado Novo.
Com esta consolidação do Chega como grande partido em Portugal, e como seu líder, André Ventura, já o disse, é agora cada vez mais "natural" que, 50 anos depois da deposição do regime fascista, a direita extremista volte a ter o poder nas mãos, parcial ou totalmente, em futuras eleições legislativas.
E se assim acontecer, são as diferentes comunidades migrantes, especialmente as africana e asiática, que mais sentirão a perseguição policial e legal, seja porque o Chega assume o poder, mais cedo ou mais tarde, seja pela pressão sobre o Governo que a condição de líder da oposição facilita.
Governo que deverá ser nas próximas horas confirmado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o conhecido em Angola "Ti Celito, nomeando para o cargo de primeiro-ministro Luís Montenegro, presidente do PSD e líder da AD.