Li Keqiang reiterou o seu apoio à resolução das Nações Unidas que visa forçar Pyongyang a parar com testes atómicos e de misseis balísticos e a voltar às negociações.
Reconhecendo o aumento das tensões, o primeiro-ministro chinês afirmou que as nações envolvidas precisam voltar a dialogar e "encontrar soluções adequadas".
A China, o principal aliado da Coreia do Norte, tem estado sob pressão de Washington para usar a sua influência para travar o programa nuclear e de mísseis balísticos de Pyongyang.
Em Fevereiro, a China suspendeu todas as importações de carvão do país vizinho até ao final do ano, uma importante fonte de divisas estrangeiras para o regime de Kim Jong Un.
Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, sugeriu um pacto, em que a Coreia do Norte suspenderia o seu programa nuclear em troca do fim das manobras militares conjuntas dos EUA e Coreia do Sul.
O plano não foi acatado por nenhum dos países envolvidos.
"A China está comprometida com a paz e estabilidade na península coreana (...). Ninguém quer ver caos nas suas portas", afirmou Li Keqiang, na conferência de imprensa de encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês.
Pano de fundo
Como cenário de fundo a este apelo ao diálogo por parte da China estão os quatro mísseis balísticos com capacidade nuclear testados pela Coreia do Norte na passada semana, com três deles a cair em águas territoriais japonesas.
Isto, quando decorriam os maiores exercícios militares envolvendo a Coreia do Sul e os EUA. As ameaças sucedem-se e cresce o receio de um conflito aberto que pode ter dimensão global.
O primeiro-ministro japonês foi claro na resposta aos três mísseis balísticos, com potencial capacidade nuclear, lançados pela Coreia do Norte para água territoriais japonesas: "Não podemos, de forma nenhuma, tolerar isto".
À reacção inicial japonesa, pela voz do primeiro-ministro Shinzo Abe, seguiu-se a constituição de uma "task force" diplomática que agrega o Japão, os Estados Unidos da América e a Coreia do Sul, confirmando em escassas horas uma resposta inicial que passa pelo aumento das sanções contra a Coreia do Norte.
O lançamento destes quatro mísseis, três dos quais voaram cerca de mil quilómetros até águas territorialmente inseridas na Zona Económica Especial do Japão, constitui uma nova escalada na forte tensão existente na península coreana, e seguiram-se ao arranque, na semana passada, dos maiores exercícios militares de sempre na região, agregando forças sul-coreanas e norte-americanas.
Recorde-se que as duas coreias, do Norte e do Sul, permanecem oficialmente em estado de guerra desde 1953, quando, ao fim de três anos de guerra entre os dois países, o Norte apoiado pela China, e a do Sul, pelos EUA e Reino Unido, foi assinado um armistício mas sem que a este se seguiu-se a assinatura de num tratado de paz.
Durante décadas, o Paralelo 38, que divida as duas coreias permaneceu, até hoje, como linha de tensão, que aumentou desde que na última década ficou claro que Pyongyang detém poder nuclear e se sucedem os ensaios de mísseis capazes de transportar ogivas nucleares.
Actualmente sucedem-se as ameaças de destruição mútua entre Seul e Pyongyang, mantendo-se os aliados de um de outro os mesmos que suportaram a guerra no início da década de 1950.
Mas hoje foi dado um passo mais para a deflagração de uma guerra aberta entre os dois lados do Paralelo 38, com estes mísseis lançados pelo Norte e os exercícios militares do Sul com os EUA que Pyongyang já afirmou tratar-se do prelúdio de uma invasão.
Para fazer face a esta nova escalada da tensão, os EUA, o Japão e a Coreia do Sul anunciaram o reforço da cooperação militar e diplomática, fazendo notar que o objectivo é acabar com as provocações da Coreia do Norte.
Como pano de fundo a este cenário bélico, está a afirmação recente do Presidente norte-coreano Kim Jong-un, onde descreve os novos mísseis testados como podendo alcançar os Estados Unidos da América com cargas nucleares.