O anúncio foi feito através de um comunicado emitido pelo Kremlin, onde se explica que o cessar-fogo unilateral surge em resposta ao pedido do chefe da igreja russa.

O documento avança que o apelo de Cirilo I foi ouvido e o cessar fogo vai começar às 12:00 locais de sexta-feira e termina às 24:00 de Sábado.

Putin diz ainda que deu instruções ao seu ministro da Defesa para fazer observar as tréguas natalícias ao longo de "toda a linha da frente"

Esta decisão do chefe do Kremlin surge ainda depois de se ter conhecido que idêntico apelo foi feito pelo Presidente da Turquia, Recep Erdogan, durante uma conversa telefónica que teve lugar poucas horas antes.

No mesmo documento, Putin acrescenta que a cessação temporária das hostilidades tem em consideração que quase todas as pessoas que vivem na zona onde decorrem combates ser devota da igreja ortodoxa e este cessar-fogo permite presenciar as actividades religiosas com maior tranquilidade e menos risco.

O pedido de Cirilo I foi endereçado aos dois lados deste conflito.

Entretanto, na conversa com Erdogan, o líder turco estendeu o pedido a que seja investido o melhor dos lados num processo negocial que conduza a tréguas prolongadas e a um acordo de paz, sendo que Ancara já se disponibilizou há muito para intermediar tais negociações.

Hipocrisia, diz Kiev

Na resposta ao anúncio de Putin, o principal conselheiro do Presidente Volodymyr Zelensky, Mikaylo Podoliak, que é um dos mais acérrimos defensores do reforço das acções alargadas de combate aos russos, incluindo no território russo, veio dizer que se trata de "hipocrisia" para ignorar.

Podoliak voltou a frisar que a única forma de acabar com a guerra é com a saída do último militar russo da Ucrânia e não com manobras hipócritas, notando que, na sua opinião, que, por vezes, se distancia da posição oficial de Kiev, Putin pretende apenas conseguir um momento para proteger as suas forças dos fortes ataques a que estão sujeitos por parte das forças ucranianas.

O responsável, uma das vozes mais proeminentes do gabinete de Zelensky, notou ainda que as propostas contendo objectivos de manipulação "não merecem resposta".

E agora?

Face a este desenvolvimento, com a Ucrânia a recusar participar no cessar das hostilidades durante o período natalício, como vai ser no terreno, é a grande dúvida. Vão os russos manter as armas caladas se estiverem sob ataque? A resposta só será possível de obter quando chegar o momento, depois do meio-dia de sexta-feira, 06 de Janeiro.