"Estima-se que até ao final do ano 50 mil crianças entre os 6 e os 59 meses necessitarão urgentemente de tratamento para a desnutrição", alertaram as organizações, incluindo a Save the Children, a Oxfam e o Conselho Norueguês para os Refugiados.
Em 2023, comparativamente, 34% da ajuda alimentar de que o enclave necessitava foi fornecida, permitindo aos habitantes de Gaza, em média, fazer duas refeições por dia.
O relatório alerta que esta "queda drástica" na ajuda que chega à Faixa está a conduzir a um "desastre humanitário" em que toda a população de Gaza "enfrenta fome e doenças".
Em Agosto passado, entraram em Gaza uma média de 69 camiões de ajuda por dia, em comparação com os 500 do ano passado, que já eram insuficientes para satisfazer as necessidades da população.
"Em Agosto, mais de um milhão de pessoas não receberam rações alimentares no sul e centro de Gaza", denunciaram as organizações, que avisam que enquanto o conflito continuar "um elevado risco de fome persistirá em toda a Faixa".
O relatório destaca ainda as deficiências do sistema de saúde de Gaza, uma vez que apenas 17 dos 36 hospitais do enclave estão a funcionar e quase sem recursos para tratar os doentes.
"Apenas cerca de 1.500 camas hospitalares permanecem operacionais em Gaza, abaixo das cerca de 3.500 camas disponíveis em 2023, que já estavam muito aquém de satisfazer as necessidades de uma população de mais de dois milhões de pessoas", afirmaram as organizações, em comunicado.
A disponibilidade de artigos de higiene desceu para 15% da quantidade disponível em Setembro de 2023.
"Enquanto os ataques militares israelitas a Gaza se intensificam, a entrada de alimentos, medicamentos, material médico, combustível e tendas que salvam vidas tem sido sistematicamente bloqueada há quase um ano", pode ler-se no comunicado.
Israel garante que tem facilitado a entrada de ajuda desde o início da guerra e culpa o grupo islamita palestiniano Hamas pelo bloqueio destes produtos, acusando ainda algumas agências humanitárias de não os distribuir.