Nas últimas duas semanas, de um lado e do outro, foram sendo anunciados progressos nas conversações entre Pequim e Washington para acabar com a guerra comercial que há 17 meses envolve as duas maiores potências económicas do mundo, e, com o aproximar de Dezembro, esse sentimento foi crescendo a ponto de os mercados petrolíferos estarem a registar importantes ganhos nos últimos dias.
Estavam. Mas já não estão. Hoje, o barril de petróleo vendido em Londres, onde o Brent local determina o valor médio das exportações angolanas, arrancou a sessão em baixa perdendo 0,70% em relação ao fecho de quarta-feira, para os seus 62.57 USD.
E tudo porque Donald Trump fez aprovar uma lei claramente em apoio aos manifestantes em Hong Kong e que ameaça Pequim com sanções em caso de desrespeito pelos direitos humanos naquele antigo território britânico e que tem hoje um estatuto especial dentro da China.
Isto, mesmo depois de o seu homólogo chinês, Xi Jinping, ter deixado claro que não iria permitir qualquer intromissão nos assuntos internos chineses no que diz respeito a Hong Kong, território com estatuto especial desde que deixou de estar sob administração britânica, em 1997, e onde decorrem protestos contínuos com milhares de pessoas há meses nas ruas em defesa da liberdade e democracia.
Protestos esses que começaram há cinco meses depois de a administração local ter anunciado uma lei que permitiria a cidadãos de Hong Kong, com problemas na justiça, serem julgados em tribunais na China continental, o que acabou por ser abandonado mas que não afastou às pessoas das ruas, que exigem garantias sólidas de que a sua liberdade não vai ser posta em causa pelo Governo de Pequim, exigindo mesmo o aprofundamento da autonomia existente.
Recorde-se que, quando o Reino Unido e a China acordaram a devolução de Hong Kong, o documento que o permitiu, assinado em 1997, contemplava uma "autonomia alargada" em vários domínios, inclusive quanto à democracia interna, por 50 anos, que, agora, os manifestantes querem expandir.
Durante todo este tempo em que se prolongam os protestos de rua, permanece em suspense a ameaça de que Pequim enviará a tropa para esmagar os protestos em Hong Kong.
Agora, face a sucessivas mortes entre os manifestantes, Donald Trump avançou com uma lei denominada Lei dos Direitos Humanos e Democracia em Hong Kong - "Hong Kong Human Rights and Democracy Act" -, que já foi aprovada no Senado e na Câmara dos Representantes e que coloca aquele território sob especial atenção de Washington.
Esta lei impõe que o Departamento de Estado verifique uma vez por ano que a autonomia da ilha mantém o vigor, abrindo espaço legal para sancionar o território em caso de assim não suceder, nomeadamente retirando o apoio dos EUA à continuidade de Hong Kong como uma das grandes praças financeiras mundiais.
Os chefes da polícia que provadamente desrespeitem os direitos humanos podem ser sancionados com o congelamento de bens e impedimento de deslocação para os EUA.
E Trump assinou ainda uma segunda lei que determina a proibição de venda de munições de borracha, gás pimenta etc. para a polícia de Hong Kong.
A resposta de Pequim
Como era de esperar, esta decisão deixou o Governo chinês furioso e com promessa de forte retaliação se a lei não for retirada.
Pequim acusa os EUA de "interferência e violação da lei internacional" e de serem a mão por detrás dos protestos de rua naquele território chinês.
No entanto, quando os dois países negoceiam um acordo para a denominada "fase um" do acordo de paz para acabar com a guerra comercial, como noticiam hoje as agências internacionais, Pequim já veio dizer que quer os dois assuntos mantidos em separado, mas isso pode estar agora em causa com as leis aprovadas em Washington.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, veio a público lembrar que Hong Kong é território chinês e uma questão interna da China à qual os UA devem manter a distância, sob risco de sofrerem represálias pesadas.
E o vice-ministro dos Negócios Estrangeirps, Le Yucheng, chamou o embaixador norte-americano para lhe exigir que os EUA parem de imediato com interferências nos assuntros domésticos chineses.
Em cima da mesa está a ameaça que a China garante ser séria de um contra-ataque se os EUA mantiverem esta postura. Que tido de represália, nao foi aavançado.
Para já é a economia global que mostra sinais de receio quanto à evolução desta nova frente de batalha entre chineses e norte-americano. E o petróleo, como sempre, foi das primeiras matérias-primas a ressentir-se. Em suspenso esá agora perceber se este problema vai afectar as negociações em curso sobre a "guerra" comercial.