Segundo o MPLA, "a estratégia de criação de um clima de instabilidade institucional, há muito denunciada, tem vindo a ser aplicada com recurso permanente ao descrédito das instituições do Estado e à tentativa de criar um quadro político que justifique a sublevação popular e a ascensão da UNITA ao exercício do poder, sem a necessária legitimação democrática".

"Depois de o povo angolano ter cumprido com o seu poder soberano e escolhido, livremente, que deve exercer o poder político em Angola, dando uma vez mais, o seu voto de confiança ao MPLA e Presidente João Lourenço, a UNITA sentiu, de forma profunda, o facto da sua oportunidade de ser poder ter sido adiado por mais cinco anos e não hesitou em criar um conjunto de suspeitas, para alicerçar o argumento da ilegitimidade da vitoria, para propósito único de impedir o livre exercício do poder pelo MPLA", diz o documento.

Esta posição do órgão máximo do partido no poder consta numa declaração política, na sequência da conferência de imprensa em que a UNITA apresentou aquilo que considera serem os fundamentos para o pedido de destituição do Chefe de Estado.

"Face à realidade constatada, à gravidade das acusações e dos actos que têm vindo a ser protagonizados, de forma irresponsável, pela UNITA contra o Presidente da República, o Bureau Político orienta o seu Grupo Parlamentar a tomar medidas providenciais para que o Parlamento angolano não venha a ser instrumentalizado para a concretização de desígnios assentes num clara agenda subversiva, imatura e de total irresponsabilidade política", lê-se no comunicado do Bureau Político do MPLA.

No documento, o Bureau Político do MPLA apela aos cidadãos angolanos que mantenham a "serenidade, a coesão e o respeito pela diferença", mas exorta os seus militantes, amigos e simpatizantes a manter "um alto sentido de vigilância" e a "cerrar fileiras em torno da firme liderança do Presidente João Lourenço".

De acordo com a declaração, a UNITA nunca teve a coragem de assumir que o MPLA saiu vitorioso em 143 municípios dos 164 do País e que, em 10 províncias, o MPLA venceu em todos os municípios, nomeadamente, Bié, Huambo, Huila, Namibe, Cunene, Moxico, Lunda Sul, Kuanza Norte, Kuando Kubango e Malanje.

"O povo angolano, conhecedor do passado recente da actual estratégia da UNITA, jamais se disponibilizará para a criação de situações que perturbem a paz social, harmonia e a estabilidade conquistadas e que nos permitam conviver na diferença e na diversidade", diz o documento.

Esta acção protagonizada no sentido de destituir o Presidente da República, "sem factos" que encontrem fundamento respaldo na Constituição, segundo MPLA, "só é possível ser criada por uma organização política que consciente da sua notória e cada vez mais evidente incapacidade de conviver numa sociedade democrática e pluralista, não hesita em provocar um ambiente institucional contrário ao que o MPLA, através do seu Grupo Parlamentar, proclamou ainda há poucos dias, no sentido de um maior diálogo e inclusão no debate político".

"Convém esclarecer o povo angolano que a própria direcção da UNITA que saudou a iniciativa de diálogo apresentada pelo Grupo Parlamentar do MPLA e que, em face disso apresentou uma proposta de agenda de diálogo, vem, com o seu pronunciamento, acabado de tornar público, demostrar uma total ausência de seriedade, de sentido de Estado e de disponibilidade para sã e harmoniosa conivência institucional", sublinha o documento.

Em conclusão, o Bureau Político do MPLA diz que " com esse comportamento, irresponsável e anti-democrático, a UNITA indicia que pretende assumir uma atitude de ruptura com o diálogo institucional, sobretudo em sede da Assembleia Nacional.