"Conseguimos mais financiamentos do que investimentos nos últimos oito anos. Os financiamentos aumentaram a dívida pública", disse, na quarta-feira aos jornalistas a deputada da UNITA, Mihaela Webba, quando comentava o encerramento da 17ª cimeira de negócios Estados Unidos-África, que encerrou, ontem, em Luanda.

De acordo com a deputada, os investidores, que são as empresas ou Estados, que vêm para Angola por sua conta e com seu dinheiro, não têm tido garantias de poder repatriar o seu capital e lucros do investimento, coisa que a banca nacional não proporciona.

"É por isso que, desde 2017 até à data presente, Angola não tem tido muitos investimentos", concluiu a deputada, que lamentou a exclusão de vários estratos da sociedade angolana da 17ª Cimeira de Negócios Estados Unidos-África.

"Várias franjas da sociedade angolana não foram convidadas, em particular os jornais O Valor, Expansão e a Rádio MFM, órgãos de comunicação social privados especialistas em questões económicas", acrescentou.

Terminou a cimeira

A 17ª Cimeira de Negócios Estados Unidos-África, que encerrou esta quarta-feira em Luanda, conseguiu o valor global de acordos de investimento assinados de cerca de dois mil milhões de dólares.

Segundo a directora do conselho corporativo para África, Florizelle Liser, que apresentou estes dados, parte do investimento é destinado ao Corredor do Lobito que considera ser muito importante.

O encontro reuniu mais de 1.500 participantes de 35 países africanos e norte-americanos, incluindo 12 Chefes de Estado e de Governo, altos representantes da administração dos EUA, líderes empresariais, instituições financeiras e organismos multilaterais.

Sob o lema "Caminhos para a Prosperidade: Uma Visão Partilhada para a Parceria EUA-África", a cimeira foi marcada por compromissos concretos de investimento, com destaque para o anúncio de cinco mil milhões de dólares mobilizados pelos EUA para o desenvolvimento do Corredor do Lobito, projecto estruturante de integração regional que liga Angola à República Democrática do Congo e à Zâmbia.

Durante quatro dias, os participantes abordaram temas estratégicos como energia e transição verde, minerais críticos, infraestrutura digital e de saúde, comércio intra-africano, liderança jovem e inovação tecnológica.

A agenda do último dia (25 de junho) incluiu sessões privadas de encerramento, reuniões bilaterais de alto nível, painéis sobre espaço e inovação tecnológica, saúde, desporto e o balanço das parcerias firmadas com o sector privado.

Entre os acordos anunciados ou formalizados, destacam-se parcerias com as empresas Mitrelli, Sun Africa, Cybastion e Acrow Bridge, o lançamento de programas de financiamento para PME africanas, protocolos em áreas como inteligência artificial, segurança cibernética, produção de dispositivos médicos e inovação urbana e cooperação tripartida entre Angola, RDC e Zâmbia no quadro do Corredor do Lobito.

No discurso de encerramento, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, destacou que «Angola organizou a melhor cimeira de negócios Estados Unidos da América - África.

A próxima edição da Cimeira está prevista para 2026, com Angola a assumir o papel de plataforma de continuidade diplomática e económica.

Os painéis de debates reforçaram a importância de criar soluções conjuntas para os desafios globais e regionais, abrindo espaço para novas oportunidades de investimento e crescimento económico.