O presidente em exercício da SADC, que reconheceu o apoio prestado pela Organização Mundial da Saúde, o Centro Africano para o Controlo e Prevenção de Doenças CDC África e o UNICEF, em matéria de aconselhamento técnico e orientação em questões relacionadas com a saúde pública, lembrou, durante a reunião virtual que dirigiu, que a crise de saúde pública que assola a região "representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável e ao bem-estar dos povos da África austral.
"Neste momento crítico, devemos reconhecer a urgência da nossa resposta e a necessidade de uma acção coordenada e eficaz, pois a cólera não conhece fronteiras e exige uma abordagem regional para enfrentá-la", defendeu.
"Ao reunirmo-nos para avaliar o surto de cólera que está a assolar a Região da SADC, procuraremos tomar decisões para prevenir, combater a sua propagação e dar uma resposta efectiva a esta doença, baseadas nas constatações dos ministros da Saúde e no relatório do Conselho de Ministros da SADC, que exige uma abordagem integrada e holística que aborde não só os desafios da saúde, mas também os desafios económicos, sociais, ambientais e de governança de forma eficaz e sustentável", afirmou João Lourenço.
Segundo o Presidente angolano, "o caminho a percorrer para alcançar o quadro regional para a aplicação da Estratégia Mundial 2030 de Prevenção e Controlo da Cólera está ameaçado com surtos de cólera recorrentes relacionados com as alterações climáticas, que propiciam a proliferação desta doença, como também limitam a capacidade de resposta rápida e eficaz", apesar dos compromisso dos Estados-Membros da SADC, "evidenciados por investimentos em capital humano, no reforço de infra-estruturas, no aumento do acesso equitativo aos serviços de saúde, à água potável em quantidade e qualidade e ao saneamento básico".
"A nossa luta contra a cólera exige mais do que o simples tratamento médico, ela requer uma estratégia abrangente que integre a promoção da saúde nas comunidades, cuidados de saúde de qualidade, gestão eficaz de casos e o uso estratégico de vacinas orais contra a cólera, como medida preventiva", declarou.
João Lourenço, que considerou urgente que se fortaleçam os mecanismos de transferência tecnológica e se invista em fábricas para a produção local de medicamentos, produtos médicos e vacinas, visando a auto-suficiência", de modo a garantir o desenvolvimento económico e tecnológico, "criando empregos e incentivando a inovação do sector farmacêutico da região", defendeu uma abordagem focada em acções sustentáveis que melhorem o acesso à água potável, saneamento adequado e a promoção de práticas de higiene individual e colectiva fundamentais na prevenção da transmissão da doença, redução da morbilidade e mortalidade e protecção das populações.
"Devemos ainda fortalecer a comunicação de risco e envolvimento comunitário, incluindo a formação das comunidades para assegurar a vigilância comunitária, a troca em tempo real de informações, conselhos e opiniões entre especialistas e líderes comunitários e a população, para se mitigar o risco e prevenir a doença", frisou.
"É crucial fortalecermos a vigilância epidemiológica em todos os pontos fronteiriços, para garantir a segurança sanitária e reduzir a transmissão da doença na circulação de pessoas, bens e serviços entre os nossos países", acrescentou.