Sergei Lavrov, que está a realizar esta quarta-feira, 25, uma jornada de trabalho em Luanda, com encontros com o seu homólogo Téte António e com o Presidente da República, João Lourenço, aproveitou ainda para elogiar o papel do Chefe de Estado angolano na estabilização e paz no continente africano.

Nestas declarações, o chefe da diplomacia russa lançou como motivação extra para esta Cimeira de São Petersburgo a garantia de que a Federação Russa está empenhada na cooperação com os países africanos na busca de soluções para os vários conflitos que atormentam o continente, incluindo na ONU, onde Moscovo estará sempre ao lado de soluções africanas.

"As nossas posições desde o princípio sobre a cooperação no domínio internacional coincidem, nós defendemos os grandes princípios da ONU, nomeadamente o princípio da não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado e da igualdade soberana dos Estados", disse, citado pela Lusa.

Presão do ocidente sem paralelo

Nesta passagem pela capital angolana, Lavrov aproveitou ainda para criticar os países do ocidente, formulação para, numa primeira linha, Europa ocidental e Estados Unidos, de terem uma perspectiva neocolonialista ao exercerem uma pressão sem precedentes sobre os países em desenvolvimento, especialmente africanos, como se estes não dispusessem de capacidade própria de análise e decisão.

O MNE russo, logo após o encontro com João Lourenço, deixou um aviso clara e inequivocamente direccionado para Angola, notando que os países ocidentais, face a interesses próprios, com facilidade traem os aliados num piscar de olhos.

Deixou ainda uma nota sobre a vontace reciproca de Luanda e Moscovo aprofundarem as suas relações, e prometeu trabalhar nesse sentido, tendo o caminho facilitado pela histórica relação entre ambos, criticando a pressão dos Estados Unidos sobre o Governo angolano no sentido deste se distanciar da Rússia.

"E vamos fazê-lo apesar da pressão ilegítima dos EUA e seus parceiros", realçou o chefe da diplomacia russa, citado pela Lusa, apontando como próxima tarefa a preparação da reunião intergovernamental mista para a cooperação económica comercial técnica e científica.

JLo e a estabilidade em África

O MNE russo destacou ainda o papel de Angola e do Presidente João Lourenço na busca de soluções para estabilizar a Região dos Grandes Lagos.

Em declarações aos jornalistas, ao lado do seu homólogo angolano Téte António, avança ainda a Lusa, numa conferência de imprensa sem direito a perguntas, o ministro russo falou também sobre o conflito na Ucrânia e criticou os "esforços ocidentais no sentido de transformar a Ucrânia no palco da guerra híbrida contra o nosso país".

"Também chamamos a atenção da Ucrânia por realizar uma política claramente colonialista contra os russos que vivem nesse país", realçou, argumentando que a ofensiva do seu país visa proteger os russos que se encontram na Ucrânia.

"Precisamente para proteger essa população que se tornou alvo das ações ilegais a Ucrânia e, também, para a proteção da nossa própria segurança é que nós lançámos a operação militar sobre a qual partilhamos regularmente as informações com os nossos amigos", rematou Serguei Lavrov.

As conversações "reafirmaram a importância do nosso diálogo aberto, no espírito da amizade", acrescentou o responsável russo, convidando o seu homólogo a visitar a Rússia, para continuar as conversas.

Por seu lado, o ministro angolano, Téte António, seguiu uma linha de maior equidistância em relação à Ucrânia e referiu que a guerra "não tem tido consequência em toda humanidade, mas tem causado várias destruições e perdas de vidas humanas".

"E, tendo em conta as nossas relações históricas com a Rússia e também a relação que temos com a Ucrânia, pensamos que aplicando aqui o princípio da não interferência, defendido pela União Africana, e perante essas consequências da guerra, continuamos a apelar a uma solução negociada de diálogo e continuamos a defender a necessidade de um cessar-fogo", insistiu o governante angolano.